Uma menina cristã que passou dois anos em cativeiro, sequestrada por um muçulmano no Paquistão para se converter ao islamismo e se tornar sua esposa à força, conseguiu por em prática um plano ousado de fuga, e agora está compartilhando seu testemunho.
Era maio de 2021 quando Nayab Gill, que tinha apenas 13 anos na ocasião, foi buscada em sua casa em Gujranwala por Saddam Hayat, 30 anos, casado e pai de quatro filhos, para “levá-la ao trabalho” em seu carro. Casos semelhantes a esse ocorrem com frequência no Paquistão.
“Saddam era um visitante frequente da nossa casa. Ele era dono de algumas lojas em nossa região, uma das quais foi alugada por meu pai. Saddam prometeu me pagar um salário de 10 mil rúpias paquistanesas (US$ 34) e disse que o dinheiro ajudaria minha família pobre a complementar sua renda. Meu pai concordou relutantemente à sua proposta porque Saddam lhe disse que eu era como se fosse sua própria filha”, contou Nayab.
A jovem, agora com 15 anos, contou que antes do sequestro, Saddam tentou pelo menos duas vezes atacá-la no trabalho, obrigando-a a manter uma distância segura: “Tive medo de que, se contasse à minha família sobre os avanços de Saddam, o meu pai me impedisse de trabalhar e a minha família perdesse o dinheiro de que precisávamos tão desesperadamente”, relembrou.
No dia do sequestro, em vez de levar a menina ao salão onde trabalhava vendendo produtos faciais, Saddam levou-a para uma casa deserta, onde a forçou a renunciar à fé cristã e a assinar um papel em branco. Nayab diz que logo depois de ser mantida como refém, Saddam ameaçou-a com uma arma, dizendo que se ela não sucumbisse à sua vontade, ele mataria a ela e ao seu pai.
“Eu gritei e chorei, mas ninguém me ouviu. Depois de conseguir que o papel fosse assinado à força, Saddam me trancou em um quarto e foi embora. Fui mantida lá por dois dias, durante os quais recebia comida apenas uma vez em 24 horas”, narrou a jovem. “No terceiro dia, Saddam veio e disse-me que o meu pai tinha registado um caso de rapto contra ele. Disse-me que eu seria apresentada perante um juiz e que se eu não testemunhasse que me tinha convertido ao Islã e casado com ele por minha livre vontade, minha família e eu seríamos mortos nas dependências do tribunal”.
Nayab registou uma declaração em tribunal a favor do seu sequestrador. Ele recebeu a custódia de Nayab como sua esposa legítima na frente de seus pais indefesos, que choravam por sua filha, de acordo com informações do portal The Christian Post.
A provação de Nayab piorou depois que o tribunal deu a custódia ao seu sequestrador.
“Saddam então me levou para sua casa e me trancou em um quarto no segundo andar. Durante meus dois anos de cativeiro, ele me agrediu repetidamente contra minha vontade e me tratou como escrava. Mas não perdi a esperança e minha fé em Cristo!”.
“Eu orava todas as noites, dizendo: ‘Deus, por favor, me ajude’. Eu também orava pela segurança da minha família. Eles se recusaram a desistir e continuaram avançando pelo sistema judicial para minha recuperação. Mas eu estava com muito medo de revelar a verdade. Cada vez que era convocada ao tribunal, eu dizia que era uma adulta e me casei com Saddam por livre e espontânea vontade”.
Nayab conta que viveu um verdadeiro pesadelo: “A família de Saddam me tratou como um pária. Muitas vezes me humilharam por ter nascido em uma família cristã. Houve momentos em que pensei que deveria acabar com a minha vida, mas acho que foi a minha fé em Deus que me deu forças para enfrentar isso. situação”.
Sua perseverança em oração a permitiu encontrar uma oportunidade de fugir em abril deste ano: “Era a última semana do mês sagrado muçulmano do Ramadã, quando a ex-mulher de Saddam registou um processo contra ele por te-la ameaçado. Com medo de serem presos, Saddam e seus irmãos fugiram de casa, mas na correria das coisas esqueceram de me trancar”.
“Parecia que Deus havia respondido às minhas orações por liberdade. Saí discretamente de casa e comecei a correr, sem nem saber aonde a estrada me levaria. Parei num mercado para recuperar o fôlego quando uma mulher muçulmana se aproximou de mim. Ela deve ter percebido que algo não estava certo. Ela me perguntou se eu precisava de ajuda. Eu disse a ela que não tinha dinheiro nem telefone para entrar em contato meu pai. Ela me levou para a casa dela, onde pude entrar em contato com minha família”, resumiu a jovem.
Quando conseguiu fazer contato com os pais, Nayab informou a situação e eles logo vieram a seu resgate: “Não tenho palavras para expressar a alegria que senti quando vi meu pai. Lágrimas rolaram pelos nossos olhos enquanto ele me abraçou e beijou minha testa, prometendo me manter segura para sempre”.
O pai de Nayab havia apresentado uma segunda petição ao Supremo Tribunal em julho de 2021, mas a corte marcou uma audiência para dois anos à frente. Quando o tribunal finalmente ouviu o caso, em setembro de 2023, rejeitou a petição como sendo “infrutuosa” ou inútil, porque a menina já havia retornado para a família.
Infelizmente, a decisão do Supremo Tribunal reitera um precedente que permite mais casos de exploração sexual de adolescentes cristãs no Paquistão, sob o pretexto de conversão religiosa. Nayab lamentou a situação: “Eu esperava que o Supremo ouvisse minha história, mas parece que não se interessou. Agora quero retomar meus estudos e fazer amigos. Não é seguro ser uma menina no Paquistão”.