Uma menina cristã sequestrada há cinco anos e forçada a casar com um muçulmano no Paquistão está, finalmente, livre de seu cativeiro. A Justiça do país deu ganho de causa para a família, anulando a união forçada.
Reeha Saleem, uma menina sequestrada pelo próprio vizinho quando tinha apenas 17 anos, em 2019, viveu um verdadeiro pesadelo nos últimos anos: foi coagida a se converter ao islamismo e se casar com o sequestrador, Muhammad Abbas.
A família foi à Justiça e depois de uma longa batalha, o Tribunal de Família no Paquistão anulou o casamento forçado de Reeha. A vítima foi ouvida e declarou que sua assinatura na certidão de casamento foi obtida através de coerção.
A defesa da família de Reeha contou com apoio da entidade Alliance Defending Freedom (ADF International), que a representou em tribunal através de advogados representantes locais.
O tribunal concluiu que ela não se casou intencionalmente com Abbas, que repetidamente não compareceu ao tribunal apesar de várias notificações. Ele foi julgado à revelia, já que abriu mão do direito de se defender, de acordo com informações do portal The Christian Post.
O pesadelo de Reeha incluiu uma conversão forçada ao islamismo, e durante o processo judicial ela reafirmou a sua fé cristã e negou ter-se convertido voluntariamente ao islamismo.
A mãe da jovem, Parveen Saleem, expressou profundo alívio com a decisão do tribunal: “Enfrentamos dificuldades indescritíveis durante esse período, incluindo sermos forçados a nos esconder para escapar do sequestrador de Reeha, que continuava ameaçando a família para devolver ‘sua esposa’. Também sofremos com o fim abrupto da educação de Reeha”.
Com a anulação, Parveen espera que a sua filha possa retomar os estudos e regressar a uma vida normal. Ela agradeceu à advogada Sumera Shafique, que atuou com a ADF Internacional para defender o caso de sua filha.
A diretora da ADF Ásia, Tehmina Arora, comemorou: “Nenhuma menina deveria sofrer os horrores do sequestro e do casamento forçado, sendo ainda mais forçada a renunciar à sua fé”.
Tehmina cobrou das autoridades do Paquistão uma mudança na lei, estabelecendo a idade mínima de 18 anos para o casamento. Ela acredita que essa mudança ajudaria a prevenir casamentos e conversões forçadas.
Conflito religioso
Os casamentos forçados são validados pela lei Sharia no Paquistão. A lei permite o casamento na puberdade, muitas vezes estabelecendo a idade de casar abaixo dos limites oficiais do país, de 16 a 18 anos.
Já as autoridades locais fazem vista grossa dos inúmeros casos de casamentos forçados no país, com grande parte das mulheres vítimas dessa prática sendo cristãs, protestou Tehmina: “Estas conversões e casamentos forçados são uma tremenda violação dos direitos humanos básicos destas jovens, que muitas vezes temem pelas suas vidas e pelas das suas famílias, impedindo-as de denunciar os seus sequestradores. No Paquistão, onde estes abusos prevalecem, o governo tem a oportunidade de fazer a diferença ao implementar uma idade uniforme para o casamento e outras salvaguardas na lei”.
Um relatório de 2014 elaborado por um grupo local, o Movimento para a Solidariedade e a Paz no Paquistão, estimou que centenas de mulheres e jovens das comunidades hindu e cristã do Paquistão eram sequestradas, casadas à força e convertidas ao islamismo todos os anos.