Uma proposta do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que visa investigar ONGs suspeitas de praticarem a “máfia da miséria” na região da Cracolândia, em São Paulo, desencadeou um movimento de internautas que mira as igrejas evangélicas, aparentemente em resposta à reação legislativa que pode implicar o padre Júlio Lancelotti, notável apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Rubinho obteve o apoio de parte da Assembleia Legislativa para criar uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – para investigar organizações como a Craco Resiste e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, da qual o padre Lancelotti já foi conselheiro.
A suspeita é de que essas entidades estariam recebendo verbas públicas para “explorar os dependentes químicos do centro da capital”, promovendo uma política de assistência e prevenção ao uso de drogas questionável, que é a “redução de danos”, cujo objetivo é oferecer meios mais seguros para que os usuários de entorpecentes possam consumir as substâncias, sem que sejam expostos a outros problemas como a contaminação com o vírus HIV, por exemplo.
Reação
Por meio das redes sociais, porém, alguns internautas criaram a narrativa de que seria preciso investigar as igrejas evangélicas, tendo como um dos alvos o pastor e empresário Silas Malafaia, líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, uma espécie de expoente em sentido contrário ao do padre Lancelotti.
“Algumas igrejas chegam a movimentar milhões de reais. Seus fiéis, mesmo diante de dificuldades financeiras, chegam a doar todos os seus bens, carros, casas, enquanto os líderes dessas igrejas vivem do bem e do melhor, viajam para Dubai, vivem em mansões”, disse o professor e político Thiago Bagatin, segundo o Correio Braziliense, ao criticar a isenção de impostos para as igrejas.
Por lei, no Brasil não apenas as igrejas evangélicas, mas qualquer instituição religiosa possui isenção tributária. A medida é uma forma de incentivo ao trabalho dessas instituições, já que as suas práticas promovem ações que impactam positivamente o setor público, como o da saúde e segurança.
Para o deputado Eli Borges (PL-TO), líder da Frente Parlamentar Evangélica, a reação contra os evangélicos é sem fundamento. “É perceptível e lamentável que estamos convivendo com a igrejofobia, quando fatos isolados são usados para macular uma instituição vital para a rotina e perpetuação dos valores advindos do cristianismo”, disse ele ao Correio.
“Somos cerca de 70 milhões de evangélicos no país, mais de 200 mil ministros, não se pode pegar fatos isolados e comprometer a instituição igreja. É bom lembrar que fazemos um gigantesco trabalho social praticamente a custo zero para o erário público”, completou o deputado.