Enquanto as investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo não chegam ao fim, a divulgação de trechos de depoimentos de filhos da pastora Flordelis segue gerando barulho na grande mídia. Agora, um dos filhos do casal diz ter visto vultos na garagem logo após os disparos.
Numa entrevista recente, a pastora e deputada federal pelo PSD-RJ declarou que não crê que será presa ao final da investigação, e demonstrou confiança de que sua numerosa família continuará unida quando o episódio chegar ao fim.
Ao portal Pleno News, do grupo MK de Comunicação, Flordelis comentou a repercussão dos depoimentos divulgados recentemente, com destaque para trechos podem comprometê-la: “Estes depoimentos já existiam. Apenas foram expostos agora para a mídia. Mas já existiam. Não são tantos filhos que estão me comprometendo. É que a proporção com que sai na mídia tem uma dimensão muito maior. E dá a entender de que são muitos”, defendeu-se.
Ela revelou que pretende sair da casa onde vivia com Anderson, em Pendotiba, Niterói (RJ), e pretende se organizar com a ajuda dos filhos para deixar o local: “Quero muito mudar de casa. Isso é um sonho. Quero muito mesmo. Mas como vou administrar minha mudança, como vou administrar minha família. Isso só vou poder dizer depois porque não farei isso sozinha. Vou fazer com todos os meus filhos juntos, ouvindo cada um deles”.
Sobre a possibilidade de ser presa, Flordelis diz que não acredita nessa hipótese e garante ser inocente: “Eu não acredito na minha prisão, porque sou inocente. Acredito no trabalho da Justiça e do meu advogado que está sendo orientado por Deus e de todos os advogados que estão trabalhando comigo neste caso. Acredito muito naquilo que eu canto. E tem uma canção que lancei no ano passado que diz ‘Eu sei que está doendo, mas Deus está vendo. Deus vai levantar você. Está luta não vai fazer você parar. Vai passar’”.
Conspiração
O relatório final da Polícia Civil sobre o assassinato de Anderson do Carmo mostra que há indícios de que uma complexa trama em família tenha sido iniciada em outubro de 2018. O pastor teria descoberto, segundo depoimento da filha adotiva Roberta dos Santos.
Ela afirmou que “três ou quatro meses antes do assassinato ficou sabendo através de seu irmão Carlos que iriam tentar matar o Niel”, usando o apelido dado ao pai na família, segundo informações do G1.
Carlos também teria contado a Anderson sobre uma mensagem que viu no celular de Flordelis na qual a deputada dizia a Lucas Cézar dos Santos que bastava entrar no quarto do pastor e executar o serviço. Lucas é um dos filhos que está preso e foi indiciado pelo assassinato.
Destruição de provas
Outro filho do casal, Luan dos Santos, disse que Flordelis mandou apagar mensagens do celular do pastor. O aparelho não foi localizado pela Polícia até hoje.
Na conversa, Flordelis teria dito “só apaga aquilo que está lá, dá um jeito de apagar”, e Luan teria ressaltado que isso deixaria evidências: “Se a senhora mexer no celular, vão saber”.
Em seu depoimento, Luan disse acreditar que o irmão Adriano pode ter relação com o crime, já que o viu com o celular do pastor na mão e também com a mochila dele. Na mesma circunstância, ele teria ouvido Adriano garantir a Flordelis que a situação seria resolvida: “Agora sou eu que vou resolver tudo. Mãe, quero falar uma coisa pra senhora: independente do que aconteça eu sempre vou te amar”.
Vultos
Em outra frente, a Polícia investiga se Flávio dos Santos, filho biológico de Flordelis, foi o único a apertar o gatilho no assassinato do pastor. No segundo depoimento prestado na Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, Daniel dos Santos de Souza, filho biológico de Anderson com Flordelis, disse que entre a sequência de tiros, viu, da janela de seu quarto, o que pareciam ser “vultos de três pessoas” próximos à garagem.
O novo depoimento de Daniel levanta a suspeita de que mais alguém poderia estar com Flávio dos Santos Rodrigues – um dos dois filhos de Flordelis indiciados pelo crime- na cena do crime na hora dos disparos.
Daniel, que vivia em um quarto fora da residência principal, tinha uma visão da parte da frente da casa e de parte da entrada da garagem. Ele contou que foi possível ver as “sombras” em uma das paredes graças à iluminação de um refletor.
“Pode dizer que da chegada do veículo Honda para o primeiro disparo, não passou mais de cinco minutos… Durante a primeira sequência de tiros, estava ainda pelado, rapidamente vestiu um short, e deu tempo ainda para o declarante abrir a porta de seu quarto, e olhar para o jardim. Os tiros ainda estavam acontecendo mas logo acabaram. Diz que isso durou segundos, e fechou a porta novamente. Apagou a luz, foi olhar pela janela. Nesse momento, viu movimento de sombras de pessoas, mas sem definição de contorno. Lhe pareceu vulto de três pessoas. E logo em seguida, voltou a ouvir a outra série de disparos, cerca de três ou quatro”, diz um trecho do depoimento transcrito no inquérito.
Daniel também confirmou ter visto um papel onde havia uma frase escrita por Flordelis, fato também relatado por outro filho, o vereador Misael, em seu depoimento.
“Falou mais baixo, dizendo que não poderia falar a informação a seguir pois haveria escuta ambiental na casa, pegou um caderno, escreveu uma folha e mostrou o que estava escrito para Mizael e Luana. O declarante estava olhando seu telefone, sem olhar para o que sua mãe havia escrito, e sua mãe lhe chamou atenção, mandando-o olhar. Estava escrito “peguei o celular do seu pai, quebrei e jogamos no mar”, diz um trecho do depoimento de Daniel.