Teve início na última quinta-feira (22) o julgamento que poderá tornar o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, inelegível por oito anos, o que poderá significar, também, o impedimento da sua recandidatura ao Palácio do Planalto nas eleições de 2026, como alguns apoiadores desejam.
No mesmo dia, o ex-presidente viajou para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde se reuniu com empresários locais e comentou sobre o cenário político atual, incluindo o julgamento que poderá lhe banir da vida política por quase uma década.
“Hoje começa o meu julgamento político. Ou melhor, não é político, é politiqueiro. Da mais baixa intenção por parte de alguns. Não estou aqui atacando o TSE, longe disso. Mas a fundamentação é coisa inacreditável”, desabafou Bolsonaro.
A acusação
Bolsonaro fez uma crítica ao fundamento da ação movida contra ele no Tribunal Superior Eleitoral, onde está sendo julgado. De acordo com a ação movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) contra ele e o então candidato à vice-presidência da República, general Braga Netto, a sua chapa teria cometido abuso de poder político.
Os acusadores, apoiados pelo atual governo Lula, alegam que Bolsonaro teria utilizado uma reunião feita com embaixadores no dia 18 de julho de 2022 para atacar o sistema eleitoral brasileiro, o que ele nega.
“‘Reuniu-se com embaixadores'”, disse o ex-presidente, em tom irônico. “O outro cara, no ano passado, se reuniu com a nata do PCC no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro e vai se reunir agora com a nata do Foro de São Paulo também”.
Na mesma ocasião, Bolsonaro disse que mantém a esperança de que os ministros do TSE não o deixem inelegível, mas que o seu futuro político está nas mãos de Deus. Parente o TSE, o advogado Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, que defende o ex-presidente, argumentou em seu favor.
Referindo-se à reunião com embaixadores, o advogado disse que “a exposição de pontos de dúvidas à comunidade internacional, em evento público constante de agenda oficial de chefe de Estado soberano, foi no afã de aprimorar o processo de fiscalização e transparência do processo eleitoral”, e não um ataque à democracia.
Ainda segundo o advogado de Bolsonaro, a acusação contra ele constitui um “flagrante desvirtuamento de finalidade, impostora e repleta de falsidade ideológica”, especialmente por relacioná-lo, alegadamente sem provas, aos episódios de 8 de janeiro, informou o TSE.