A proposta de um acadêmico sobre o abandono do termo e dos símbolos associados ao Natal por um termo mais genérico, como “festa de fim de ano”, gerou enorme repercussão e uma onda de críticas.
O professor Renaud Dehousse, reitor de um centro acadêmico na Itália, está propondo a eliminação da palavra Natal para tornar as festas de fim ano mais inclusivas. A proposta é transparente em seu objetivo: evitar quaisquer referências cristãs.
Dehousse, que preside o Instituto Universitário Europeu na cidade de Fiesole, quer acabar com as tradições da data para que entre em vigor para demonstrar que o “caminho para a renovação está traçado”.
A proposta foi imediatamente rechaçada por uma política italiana: “Esta decisão, se confirmada, parece completamente fora de lugar e demonstra uma falta de respeito pelas tradições italianas e pelo profundo significado que o Natal tem para muitas pessoas”, declarou Alessandra Gallego, que ocupa um cargo de vereadora em Fratelli d’Italia, de acordo com o La Nazione.
Ela convidou “todas as instituições e pessoas de bom senso a se oporem a tais decisões que minam nosso patrimônio cultural e religioso”.
A eurodeputada Susanna Ceccardi também adotou o mesmo tom: “O presidente do Instituto Universitário Europeu de Fiesole quer ‘renomear’ o Natal, eliminando as referências cristãs. Significa apagar a nossa identidade, seguindo um pensamento ‘politicamente correto’ que visa apagar os traços distintivos da nossa civilização em nome de um alegado respeito por outras culturas”.
“Mas não pode haver respeito pelos outros se não aprendermos a respeitar-nos antes de mais nada”, finalizou Susanna na publicação feita no X (antigo Twitter).
Herança
“Se o professor Dehousse está, de fato, considerando a abolição do Natal, gostaríamos de convidá-lo a reconsiderar sua posição, talvez fazendo um passeio pelas paisagens maravilhosas que abrigam a universidade que ele agora é chamado a liderar. Desde as colinas de Fiesole até Florença, ele descobriria que toda a beleza ao seu redor é permeada por profundas referências ao cristianismo, que, acredite ou não, desempenhou um papel vital ao longo de dois mil anos na história, cultura, arte e arquitetura europeias”, contextualizou Francesco Torselli, outro representante da Fratelli d’Italia.
Essa não é a primeira vez que uma proposta do tipo é feita. Em 2022, um grupo de acadêmicos da Universidade de Brighton, no Reino Unido, elaborou um material de nove páginas chamado “Nova Orientação de Linguagem Inclusiva”, com a proposta de substituir a palavra Natal (“christmas”, em inglês, referência direta ao nascimento de Jesus) por “período de fechamento de inverno”.
Na ocasião, o pastor Graham Nicholls, diretor de uma rede de mais de 1.200 igrejas e organizações evangélicas no Reino Unido e na Irlanda, classificou a sugestão como “ridícula”:
“O fato é que todo mundo sabe que esse período de férias está ligado ao Natal, que é uma festa cristã. É por isso que temos folga, é por isso que há decorações. Portanto, quaisquer que sejam suas afiliações religiosas, tentar retocá-las é apenas ridículo. Se é realmente ofensivo para os não cristãos, eu não tenho tanta certeza. Não estamos pedindo a ninguém que celebre o Natal conosco”, contrapôs Nicholls.
Il presidente dell’Istituto universitario europeo di Fiesole vuole ‘rinominare’ il Natale, eliminando i riferimenti cristiani. Significa cancellare la nostra identità, seguendo un pensiero ‘politicamente corretto’ che mira a cancellare i tratti distintivi della nostra civiltà in… pic.twitter.com/4DVaOYUACE
— Susanna Ceccardi (@SusannaCeccardi) October 24, 2023