Depois de anos pregando em estádios lotados e em programas de TV, o pastor Carlton Pearson construiu um templo de enormes proporções e logo se tornou uma espécie de “megastar” evangélico com uma congregação de 6.000 pessoas ouvindo suas pregações semanalmente, chegando a compartilhar púlpitos com nomes notáveis do mundo cristão como Jerry Falwell e Pat Robertson.
Após o atentado de Oklahoma City em 1995, ele foi chamado para liderar as orações em prol do sofrimento da Cidade, chegando também à dar conselhos espirituais tanto ao presidente Bush (pai), como ao presidente Clinton durante os dois governos.
Ao longo da sua ascensão, Pearson pregou os pilares da fé cristã: todos nós nascemos em pecado. Todos nós iremos ao inferno se não aceitarmos a Jesus Cristo como único e suficiente salvador de nossas vidas.
Um sermão do final dos anos 90 mostra a natureza de sua fé:
“Graças a Deus eu não tenho que ir para o inferno, mesmo que eu mereça o inferno”, disse ele, explicando que “Jesus me substituiu na cruz, assumiu a morte, o inferno e o túmulo, e eu tenho a vitória hoje”, pregava o líder espiritual na época.
Sobre o inferno, Pearson não conseguiu compreender como um Deus de amor também é justo e soberano
Com o passar dos anos, o ainda pastor Carlton Pearson entrou numa crise de fé por não conseguir entender como o Deus da Bíblia, manifesto em Jesus Cristo, ensinava o amor e ao mesmo tempo a existência do inferno. Na cabeça dele isso era injusto e incompatível com a ideia de um Deus amoroso e misericordioso. O inferno, então, para ele foi difícil aceitar:
“O amargo tormento da ideia de um Deus irritado, visceral, distante, estóico, áspero, implacável, intolerante, é o inferno. É pagão, é supersticioso, e se você rastrear sua história, ela retorna para onde os homens temiam deuses porque algo acontecia na vida causando frustrações que eles não podiam explicar “, disse ele, segundo uma publicação do ABC News.
Pearson então construiu um “deus” para si mesmo. Para não ter que encarar a certeza do Deus que se revelou durante os séculos, primeiramente através do povo hebreu, depois em Jesus Cristo, trazendo não apenas misericórdia, mas também juízo e condenação, Pearson criou uma filosofia pessoal como forma de negar a veracidade de uma doutrina bíblica que muitos não suportam, que é a morte eterna (separação espiritual de Deus):
“Como você pode realmente amar um deus que está torturando sua avó? É isso o que eu me vi pensando durante anos”, questionou ele em outra ocasião.
Após abraçar as ideias da “Teologia Inclusiva” e do “Universalismo”, Pearson foi expulso da igreja onde era pastor por uma comissão de Bispos em 2005. Desde então, apesar de continuar dando palestrar e escrever livros, ele nunca mais conseguiu se firmar no ministério pastoral.
Netflix vai lançar em abril o filme que retrata a vida de Carlton Pearson
Come Sunday [Chegando o Domingo], da Netflix, está marcado para estrear em abril e contará com os atores Chiwetel Ejiofor (“12 Anos de Escravidão”) e Robert Redford (“Capitão América 2: O Soldado Invernal”). O longa pretende relatar o período áureo e a crise do pregador americano.
Devido sua negação da doutrina do inferno, mais precisamente, da condenação aos que não reconhecem Jesus Cristo como Salvador, ensinando que “há outros caminhos” para se chegar a Deus, o filme já é considerado polêmico, uma vez que reflete a filosofia de alguns movimentos teológicos, especialmente os ecumênicos, que negam partes da Bíblia como tendo sido reveladas por Deus.