Thiago Braz entrou nas Olimpíadas do Rio de Janeiro como um desconhecido do grande público, e não era apontado pelos especialistas como um dos competidores com chance de medalha. Colecionava maus resultados antes da última segunda-feira, 15 de agosto, quando se tornou recordista olímpico.
A vitória de Braz sobre o favorito, o francês Renaud Lavillenie, proporcionou ao repórter Anthony Hernandez, do jornal Le Monde (França), uma oportunidade única para expressar ao mundo seu preconceito em relação ao Brasil.
No artigo em que comentou a vitória espetacular do brasileiro, Hernandez disse que Braz teria contado com “forças místicas, talvez as do candomblé” e completou dizendo que o Brasil é um “país bizarro”.
A afirmação inconsequente de Hernandez, travestida de “uma extrapolação pessoal, um trabalho literário” repercutiu em todo o mundo. A imprensa passou a procurar saber quem era Thiago Braz, e descobriu um evangélico, servo do Deus altíssimo. “Durante a minha carreira, eu aprendi a ter fé e confiar em Deus. E isso tem me ajudado em muitas coisas, até mesmo na concentração, e eu tenho colocado em prática. Para mim isso é especial”, afirmou Braz ao final da prova, em entrevista à reportagem da TV Globo.
A fé, segundo o atleta, foi o combustível e a inspiração para tentar a medalha de ouro, em uma altura jamais conquistada em uma competição olímpica: “Antes da minha prova eu tinha conversado com meu pastor, e ele falou: ‘Seu Deus vai deixar você ser campeão’. Eu estava com a prata e pensei: ‘Será que eu vou mesmo ser campeão?’ Aí tentei e deu certo”, relatou.
“Os 6,03 metros é uma marca que eu já esperava há muito tempo. Há três competições eu estava tentando bater os 6 metros, e hoje, numa Olimpíada, é muito mais forte, mais surpreendente do que eu esperava. Quando ele [o atletao francês) passou de 5,98 m, eu escutei de Deus que tinha que passar de 6,03 m. Fui conversar com meu treinador e ele também falou ‘passa para 6,03’”, explicou.
Na preparação para os Jogos Olímpicos, Thiago Braz precisou sair do Brasil para treinar na Itália, onde teria mais recursos e mais especialistas à disposição. E a decisão foi tomada depois de uma orientação divina: “Uma das histórias que eu tenho para contar, que para mim foi algo decisivo, foi quando eu tive o momento de decidir sair do Brasil, que foi quando eu estava com uma lesão, com uma situação que estava quase se fechando, e eu tinha que optar. Foi a época que eu escutei Deus pedindo para que eu saísse do Brasil e fosse para a Itália. Cheguei na Confederação e eles me acolheram”, disse o brasileiro na entrevista coletiva concedida na última terça-feira, 16 de agosto.
Lá ele passou a ser treinado por Vitaly Pretrov, técnico que já trabalhou com o russo Sergey Bubka, que foi dono do recorde mundial da modalidade entre 1984 e 2014, e a também russa Yelena Isinbayeva, uma das maiores vencedoras na modalidade e medalhista olímpica nas três edições anteriores dos jogos.
“Eu costumo dizer que eu tenho um pai no céu, Deus, e um pai na terra, que é meu técnico. Ele tem me ajudado muito nas dificuldades. Foi ele que passou tudo comigo, as dificuldades, minha esposa também. Ele confiou no início da minha carreira que eu poderia saltar alto e me passou essa confiança”, disse Braz.
Malafaia
O pastor Silas Malafaia comentou as insinuações do jornalista do Le Monde e afirmou que o que existe contra os brasileiros é preconceito: “Jornalista imbecil do Le Monde diz que a medalha de Tiago Braz é por força do candomblé. Avisa ao idiota preconceituoso que ele é evangélico. Tem mais! E se ele fosse do candomblé, tiraria o brilho da sua vitória? JAMAIS! É o preconceito do jornalista francês. Vitória espetacular! O atleta brasileiro derrotou de maneira espetacular o francês. Quando brasileiro ganha é por forças espirituais, eles, competência. Bandidos!”, esbravejou o líder evangélico no Twitter.
Marcha Atlética
O atleta brasileiro Caio Bonfim, quarto colocado na prova da marcha atlética comemorou o resultado e afirmou que estar nas Olimpíadas foi uma vitória pessoal.
“Olimpíada não é feita só de três lugares, nós os valorizamos porque o capitalismo os valoriza. O quarto lugar é esplêndido. A minha missão não é vir aqui só ganhar medalha, minha missão são várias outras. O esporte não é muito popular no meu país, em quarto lugar nós popularizamos”, afirmou.
Sua gratidão a Deus por ter alcançado essa colocação também foi expressa na entrevista ao SporTV: “É mais uma oportunidade para os jovens, é inspiração, é a vontade de Deus, é distribuir o amor para as pessoas, o carinho, o amor de Jesus. Então minha missão foi cumprida. Só de estar falando nesse microfone aqui, a minha missão está cumprida”, disse.