O radicalismo religioso na Índia tem feito novas vítimas, na sua maioria cristã. Grupos religiosos extremistas motivados por partidos nacionalistas, como o Vishva Hindu Parishad (VHP), estão combatendo a conversão do hinduísmo ao cristianismo, ou mesmo a simples oração de um pastor por alguém necessitado.
Em um dos casos mais recentes, membros do Bajrang Dal, grupo de jovens que pertence ao VHP, atacaram o pastor Raju Prasad, segundo informações do presidente do Conselho Global de Cristãos Indianos (GCIC), Isso Sajan K. George, em entrevista ao portal de notícias Asia News.
“Na Colônia Kashiram, no distrito de Kanpur, uma mulher pediu ao pastor e a duas mulheres que recitassem algumas orações por sua mãe doente, que mora em sua casa. Segundo a filha, a saúde da idosa melhorou graças às orações”, disse George.
Os extremistas hindus, no entanto, viram na ação do pastor Raju uma “tentativa de conversão” da mulher idosa. Eles o atacaram com essas acusações para leva-lo preso à delegacia local.
Na Índia, vários estados possuem leis que proíbem a conversão religiosa, frutos da intolerância local ao que os nacionalistas chamam de “religiões estrangeiras”, incluindo o cristianismo, mesmo que tal afirmação não seja condizente com a história.
Segundo o delegado Ranjeet Rai, não foi necessário abrir um processo legal contra o pastor Raju, porque a mulher idosa confirmou que não houve tentativa de conversão. O que houve, de fato, foi apenas uma oração.
Sajan K. George destaca que o segmento evangélico pentecostal, aparentemente, é ainda mais visado nos ataques. Ele citou o caso de Sunny Tyagi, um líder evangélico local que foi atacado por fazer orações com um grupo de 35 cristãos em sua casa, isto é, em um culto doméstico.
“Os agressores conseguem escapar das condenações criminais, enquanto o cristão indefeso é sempre preso. Pentecostais são cidadãos de segunda classe”, afirmou George, segundo informações da Asia News.
“A Índia é um Estado laico com garantias constitucionais para a liberdade religiosa. No entanto, mesmo no século XXI, insegurança, ameaças, intimidação e prisões marcam a vida da comunidade cristã”, conclui.