Um paciente que sobreviveu ao coronavírus relatou a experiência de dor excruciante que a contaminação o causou e afirmou que em certos momentos “suplicava a misericórdia de Deus” pois tinha a impressão de que não suportaria muito mais.
O relato de Kevin Harris pontua que tudo começou com uma coceira na garganta e, no dia seguinte, sentia como se tivesse a pior gripe de todos os tempos. Pouco depois, ele foi internado em um hospital de Ohio, e cinco dias após dar entrada no hospital, ele começou a se sentir sufocado.
Os médicos do Hospital St. Joseph, em Warren, tinham certeza de que Harris, 55 anos, estava com pneumonia – mas três dias depois, eles tiveram o diagnóstico real: coronavírus. Um dos médicos tinha lágrimas nos olhos quando Harris perguntou se ele iria viver. Outro médico apenas deu de ombros e murmurou: “Eu não sei”.
“Eles me disseram que não tinham uma cura”, disse Harris ao portal New York Post do seu quarto de hospital, onde ele ainda estava ligado ao oxigênio. “Eu só queria que eles me dissessem se iria viver ou morrer”, acrescentou.
O homem que tem quatro filhos e três netos acredita que foi exposto ao coronavírus em outro hospital quando foi a um encontro que acabou sendo cancelado. Dias depois desse evento, não pigarreava direito e não conseguia parar de tossir. Mais um dia, e ele estava com febre e dores de cabeça.
Mas a pior parte foram as dores no corpo: em uma escala de 1 a 10, ele descreve a dor como 15. “A dor é fora do comum. Tudo dói, nariz, dedos dos pés e orelhas. Eu fiquei como uma grande bola de dor”, afirmou, contando que chorou “como uma garotinha” quando saiu da cama para se sentar numa cadeira próxima.
Três dias após seus primeiros sintomas a febre começou a diminuir e parecia que ele poderia melhorar – mas depois os sintomas voltaram com força, e ele sentiu que estava sufocando toda vez que respirava. “Imagine seus pulmões ficando sólidos. É como sufocar sem segurar o nariz”, descreveu.
Kevin Harris é dono de uma oficina de automóveis e normalmente caminha 8 quilômetros todos os dias, o que tornou sua situação ainda mais difícil: “Toda vez que me deitava, minha respiração fica cada vez mais baixa. Eu pensei que meus pulmões iriam falhar. Eu estava gritando por misericórdia e orando a Deus”.
O que mais impressiona no relato do micro-empresário é que os médicos ficaram incrédulos quando ele testou positivo para o coronavírus. Ele foi o primeiro caso daquele hospital. Quando os médicos disseram que tentariam de tudo, disse Harris, ele estava ansioso para lutar. “O médico me disse: ‘Olha, eu já estive ao telefone com pessoas de todo o mundo que estão tentando tudo o que podem. Nós não vamos deixar você morrer’”.
Ele recebeu um coquetel de vitaminas – incluindo muita vitamina C – remédio para tosse, um medicamento antiviral experimental, uma vacina contra a malária e antibióticos, e os médicos explicaram que aquela era uma tentativa de impulsionar o sistema imunológico. Junto com isso, eles aconselharam que Harris orasse.
A febre finalmente acabou depois de quase duas semanas, e isso permitiu que ele caminhasse sem auxílio de um andador para ir ao banheiro. A essa altura, ele descreve que a escala de dor é metade do que sentia antes. Um 7. Entretanto, ele continua em completo isolamento, e a cada seis horas, sua temperatura é medida pela equipe médica usando luvas, um terno de papel amarelo e uma máscara facial.
Ainda recebendo medicamentos para tosse e dor, Harris ouviu do Dr. Huong Nguyen, infectologista do hospital, que ele ainda não está fora de perigo, mas que está melhorando gradualmente, e que pode levar alguns meses até que ele esteja de pé novamente.
“Eu estava com medo do pior”, disse a filha de Harris, Kamron Khan, que é enfermeira. ”Ele é um cara durão e já passou por muita coisa, então ouvi-lo me dizer que achava que não superaria isso foi triste e assustador”.
Como lição, Kevin Harris disse que aprendeu que todos precisam estar prontos para o coronavírus: “As pessoas precisam levar isso a sério. O vírus é um monstro tentando te matar”.