O posicionamento contra o aborto, em tempos de militância feminista contra a defesa da vida, não é uma postura fácil. A escritora Stephanie Gray foi convidada para palestrar em um evento do Google – uma das empesas mais progressistas do mundo contemporâneo – e não titubeou ao protestar contra a liberação indiscriminada da interrupção da gestação. Mas precisou se preparar espiritualmente.
Em sua palestra no Talks on Google, revelou que já esteve em eventos similares em diversos locais do mundo, e concluiu que a defesa do aborto, assim como os argumentos apresentados para isso, são todos representativos de uma visão egoísta da vida e da sociedade. E essa defesa contundente da vida se tornou viral nas redes sociais entre cristãos.
Realizada há quase um ano (assista neste link, em inglês), a palestra levou a uma curiosidade sobre quem é a canadense que confrontou a visão “politicamente correta” pregada pelo feminismo que alega que a decisão sobre a vida de um bebê pertence à mulher grávida. “Meu corpo, minhas regras”, diz o mantra dos abortistas.
Segundo informações do portal The Christian Post, Stephanie relatou que se sentiu intimidada na noite anterior da palestra. “Eu estava cheia de ansiedade e achei que deveria desfazer a apresentação que tinha preparado fervorosamente e bolar algo novo em 14 horas”, relembrou.
Stephanie Gray, então, decidiu ligar para sua irmã e contar sobre seu nervosismo, e ouviu dela que aquilo era “uma batalha espiritual” e para vencê-la, deveria expulsar “satanás de volta para o inferno”.
Outro conselho da irmã da palestrante foi uma boa noite de sono e a retomada dos planos iniciais da palestra, chamada “Aborto: da controvérsia à civilidade”. E assim Stephanie fez.
Agora, em seu relato sobre essa experiência, lembrou que a Bíblia diz em Efésios 6 que a batalha dos seguidores de Jesus é contra as potestades malignas: “Estamos em uma batalha espiritual”, enfatizou.
“E se vamos confrontar a cultura e entrar nessa batalha de uma forma muito séria, então há três coisas que precisamos fazer”, ponderou. Uma estratégia é sugerir uma reflexão ao invés de ir ao confronto, seguindo o exemplo sugerido por Jesus na passagem de Lucas 10, que fala sobre a colheita.
A escritora e palestrante explicou que um encontro com Deus é necessário e que a união com Ele dá origem à quietude, o que possibilita a prontidão necessária para enfrentar os males da sociedade. “Se quisermos que nossa abordagem leve à transformação, queremos fazer boas perguntas e contar boas parábolas”, destacou.
Ilustrações
Essa estratégia foi usada por Stephanie Gray em várias ocasiões, e numa delas, sua ilustração foi tão poderosa que, sem formas de refutar, os manifestantes pró-aborto presentes no evento gritaram palavras de ordem por 30 minutos, até que fossem expulsos pela segurança.
Para explicar como a vida começa na concepção, ela decidiu contar uma estória que tornaria seu ponto de vista mais compreensível. Ela convidou o público a imaginar que estavam em turismo na Escócia e saíram em passeio a barco num lago onde avistaram o famoso monstro do Lago Ness.
Ao ver o monstro aparecer na superfície da água por alguns segundos, uma pessoa do grupo faz uma foto com uma câmera Polaroid, que revela a imagem em instantes, sugeriu Stephanie, em seu exercício de imaginação.
“Você está feliz por ter a impressão da foto porque seus companheiros de barco não viram o monstro naqueles breves momentos, mas quando você entrega a Polaroid, são apenas manchas negras. Mas um dos turistas nunca viu uma câmera Polaroid e não sabe como a tecnologia funciona e acha que a foto não foi tirada da maneira correta. Ele rasga a foto e a joga no lago, destruindo a única evidência de que você realmente viu o Monstro do lago Ness”, continuou.
“Imagine que você fica com raiva por ver a única prova destruída a imagem e eles olham para você como se você fosse louco. E eles dizem, ‘são apenas manchas marrons. Por que você se importa tanto com manchas marrons?'”, acrescentou Stephanie.
“Eu disse [durante a palestra]: ‘Você provavelmente responderia que aquelas manchas marrons, manchas negras, tudo sobre a imagem do monstro do Lago Ness foram capturado em um instante. Só precisava de tempo para se desenvolver'”.
A essa altura, os manifestantes já haviam compreendido o ponto a que a palestrante queria chegar, e passaram a se manifestar de forma intensa, berrando “meu corpo, minhas regras”. Segundo Stephanie Gray, os manifestantes não podiam refutar seu argumento, e assim, optaram por tentar calá-la, repetindo um comportamento típico da militância feminista.
Stephanie relatou que em outra ocasião um professor com quem estava debatendo admitiu, após sua argumentação, que um feto e embrião eram humanos, mas que o aborto era justificável porque uma pessoa não tem o direito de levar outra a fazer algo em seu corpo sem o seu consentimento.
Ele dizia que, da mesma forma que a lei não te força a doar um rim para uma criança doente, a lei também não deveria exigir que o útero fosse usado. Enquanto o abortista, argumentava, Stephanie passou a tomar notas.
“Qual é a natureza e propósito do rim versus a natureza e propósito do útero?”, perguntou a defensora da vida. “Porque quando respondemos a essa pergunta, chegamos a ver porque um progenitor não é obrigado legalmente a doar um [rim], mas deve ser legalmente obrigado a dar o outro: o rim existe no meu corpo para o meu corpo. Mas o útero é diferente; existe, e todo mês [está] se preparando para o corpo de outra pessoa”, ponderou.
“Eu posso viver sem o meu útero mas a minha descendência não pode. É um órgão único entre todos os outros na medida em que existe mais para a próxima geração do que para mim. E é por isso que não sou obrigada a dar o meu rim, mas dar [uso] ao meu útero”, enfatizou. Posteriormente, Stephanie Gray foi informada que seu oponente no debate havia ficado a noite toda acordado tentando encontrar uma resposta.
“A contemplação antes do confronto é tão importante para que tenhamos a sabedoria de saber que questões e histórias devem ser direcionadas para a cabeça ou para o coração”, concluiu a escritora e palestrante.