O papa Francisco vem abordando a questão da pedofilia na Igreja Católica de forma cada vez mais franca, e afirmou recentemente que tem motivos para acreditar que dois a cada 100 sacerdotes católicos seja pedófilo.
A revelação foi feita pelo pontífice ao jornal italiano La Reppublica, quando afirmou considerar o problema como uma “lepra” que deve ser enfrentada “com toda a severidade que demanda”.
Os casos de pedofilia, segundo Francisco, não se resumem aos membros do escalão mais baixo do clero católico: “Há padres, bispos e cardeais entre esses 2% de pedófilos. Outros, em um número ainda maior, sabem [dos abusos], mas ficam em silêncio. Eles punem [os pedófilos], mas não explicam a razão. Para mim, essa situação é intolerável”, afirmou o papa, condenando o corporativismo entre os sacerdotes.
“Assim como Jesus, vou usar um bastão contra os padres pedófilos”, teria dito Francisco sobre os clérigos praticantes da pedofilia. Se confirmados os dados, haveria na Igreja Católica aproximadamente oito mil sacerdotes pedófilos, num universo de mais de 414 mil padres, bispos e cardeais.
Porém, o porta-voz do papa, Federico Lombardi, disse que o jornal não reproduziu as palavras de Francisco exatamente como ele as pronunciou, pois a conversa com o jornalista não era uma entrevista. Lombardi disse ainda que o jornalista não usava um gravador e escreveu as frases conforme sua memória.
Porém, há quem conteste a declaração do porta-voz. O jornalista David Willey, correspondente da BBC no Vaticano, minimizou o argumento de Federico Lombardi: “Desde quando uma entrevista papal não é uma entrevista?”, questionou, antes de dizer que é normal haver desmentidos sobre as declarações do papa quando o pronunciamento não é feito através dos meios oficiais da Igreja Católica.