A indignação do papa Francisco com a presença de homens gays em seminários católicos que preparam candidatos para o sacerdócio voltou a ser assunto na imprensa internacional após o líder religioso novamente usar o termo “viadagem”.
Francisco usou o termo “frociaggine”, em italiano, pela primeira vez há algumas semanas durante uma reunião a portas fechadas com bispos no Vaticano, em 20 de maio. Agora, em nova circunstância semelhante, o pontífice usou novamente a mesma linguagem, e mais uma vez a informação foi vazada à imprensa.
A agência de notícias Ansa reportou, na última terça-feira, que Francisco afirmou aos bispos que “existe um ar de viadagem no Vaticano”, e reiterou que deve haver um filtro que impeça que homens com “tendências homossexuais” sejam proibidos de ingressar nos seminários e dessa forma evitar que se tornem padres.
A percepção do papa confirma o que foi narrado pelo escritor francês Frederic Martel no livro In the Closet of the Vatican (“No Armário do Vaticano”, em tradução livre), em que ele relata ter entrevistado diversas figuras de atuação cotidiana na sede da Igreja Católica, e dessa forma concluiu que pelo menos 80% são homossexuais.
A repercussão na imprensa foi ainda maior do que na primeira vez que Francisco se queixou da mesma situação. Na ocasião, disse que os seminários estão “cheios de frociaggine” (que pode ser traduzido como “viadagem” ou “bichas”, termos considerados chulos para se referir a homens gays).
No dia 27 de maio, a informação sobre a declaração foi publicada pela imprensa italiana após vazamento dentro do próprio Vaticano, e os bispos entrevistados pelo Corriere della Sera disseram que o papa havia usado o termo de maneira inocente, já que em suas percepções ele claramente “não tinha consciência” da conotação pejorativa, já que o italiano não é sua língua materna.
No dia seguinte, Francisco se desculpou pelo uso do termo: “O papa nunca teve a intenção de ofender ou se expressar em termos homofóbicos, e ele pede desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pelo uso de um termo relatado por outros”, disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.
A posição oficial do Vaticano é que o papa entende que pessoas LGBT+ sejam acolhidas pela Igreja Católica ao mesmo tempo em que é preciso cautela para que elas não virem seminaristas, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo.