O jogador da NBA Jonathan Isaac, evangélico, vem liderando um movimento contra a obrigatoriedade das vacinas contra a covid-19 e a exigência de um passaporte de vacina.
Ao longo de 2020, durante os protestos decorrentes do assassinato de George Floyd, Jonathan Isaac chamou atenção por rejeitar se ajoelhar em apoio ao movimento Black Lives Matter, de inspiração comunista.
O atleta, que atua pelo Orlando Magic, afirmou na ocasião que não acreditava que os protestos resultariam em qualquer mudança na sociedade, pois a respostas para os problemas residem “no Evangelho”.
Agora, diante da imposição de vacinas às pessoas, com um processo de segregação em curso por conta da exigência de um passaporte de vacina para que pessoas possam frequentar determinados lugares, o jogador de basquete voltou a se posicionar e se opôs à medida.
Direito de escolha
Numa entrevista coletiva, o atleta sintetizou suas razões para se posicionar contra a imposição, e fez menção a conceitos que se tornaram básicos no que se refere ao entendimento sobre a covid-19.
“Já tive covid no passado e nosso entendimento sobre anticorpos e imunidade natural mudou bastante desde o começo da pandemia e continua evoluindo. Eu entendo que a vacina ajudaria se você pegar a covid, você terá menos sintomas ao contrair. Mas eu, tendo pego covid no passado, e tendo anticorpos, e com minha atual faixa etária e nível de saúde física, não é necessariamente um medo meu [pegar covid]”, introduziu.
Ele reconheceu também que os imunizantes atuais, desenvolvidos em tempo recorde, têm algum benefício: “Tomar a vacina, como eu disse, diminuiriam minhas chances de ter sintomas graves, mas me abre a ter, mesmo que sendo rara a chance, a possibilidade uma reação adversa à própria vacina”, ponderou.
“Eu não acredito que não estar vacina signifique estar infectado, ou que estar vacinado signifique estar protegido de infecção. Você ainda pode pegar covid, com ou sem a vacina”, acrescentou Jonathan Isaac.
Um caso recente que ilustra o raciocínio do atleta é episódio com o ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Queiroga, que mesmo já vacinado com duas doses, foi infectado durante viagem à Nova York, transmitiu para pessoas da comitiva e precisou resguardar um período de isolamento.
“Eu diria, honestamente, que a loucura disso tudo em termos de não poder dizer que deveria ser escolha de cada um sem ser humilhado. Ser xingado não ajuda alguém a fazer o que a pessoa está mandando que ela faça”, lamentou o atleta.
Na conclusão, lembrou que democracia e vida em sociedade demandam tolerância ao diferente: “Eu diria que essas são algumas das razões para eu estar hesitante no momento. Mas no fim, não acho que seja razão para ninguém ter que vir dizer ‘é por isso’ ou ‘não é por isso’. Deveria apenas ser decisão da pessoa. E sabe, amar o próximo não é amar apenas aqueles que concordam com você, ou se parecem com você, ou se movem na mesma direção que você. É amar aqueles que não o fazem”.
‘Temperança’
O posicionamento do jogador mobilizou outros atletas da NBA e até da NFL, a liga profissional de futebol americano, a se juntarem no protesto contra a segregação do passaporte de vacina.
O assunto foi comentado pela ex-atleta Ana Paula Henkel, medalhista olímpica pela Seleção Brasileira de Vôlei, durante o Programa 4 por 4: “Jonathan Isaac, um rapaz de 24 anos, que eu já seguia desde o ano passado quando teve – me perdoem, não tem outra palavra – aquela palhaçada de se ajoelhar durante o Hino dos Estados Unidos antes das partidas […] esse rapaz se recusou a ajoelhar”.
“Ali eu já percebi. Esse menino tem 24 anos e tem um DNA de bravura. Agora, diante desse arrastão de ideias em relação ao passaporte sanitário, ele emergiu, novamente, como uma voz da temperança, da calma, e da discussão honesta, que é sobre o passaporte da vacina, a vacinação, inclusive para quem já passou pela covid, que é o caso dele”, acrescentou Ana Paula Henkel.
A postura adotada por Jonathan Isaac resultou em críticas, mas também apoio, sublinhou Ana Paula: “Foi uma avalanche. Bradley Beal [jogador do Washington Wizards], teve também o Draymond Green, do Golden State Warriors, o Kyrie Irwin, do Brooklin Nets. E aí, no meio disso tudo, os próprios jogadores da NFL, do futebol americano, inspirados, também começaram agora um movimento para lutar contra a obrigação do passaporte vacinal”.
“Teve um jogador essa semana, do Buffalo Bills [futebol americano], Cole Beasley, que não é vacinado, e ele foi colocado de quarentena por ter tido contato com alguém que está com covid e que está vacinado. Ou seja, precisamos de mais ‘Jonathan’s Isaac’s’, porque o debate perdeu qualquer senso crítico”, finalizou a ex-jogadora de vôlei.