Após pouco mais de dois anos preso na Turquia, o pastor norte-americano Andrew Brunson foi libertado na última sexta-feira, 12 de outubro. A mudança de cenário aconteceu como resultado de uma forte pressão da diplomacia dos Estados Unidos.
O tribunal de Aliaga, que julgava o pastor por acusações de “apoiar organizações terroristas” (em seu caso, o Partido dos Trabalhadores Curdos – PKK, formado por separatistas) e integrar a rede de Fethullah Gülen, um líder político que é acusado pelo governo turco de orquestrar um golpe fracassado em julho de 2016, impôs uma pena de três anos e um mês de prisão.
A sentença, no entanto, levou em consideração os dois anos que Andrew Brunson já havia sido mantido atrás das grades, e também seu bom comportamento. Dessa forma, a Justiça turca suspendeu a prisão domiciliar – que ele cumpria desde julho último – e a proibição de viajar, o que permitiu que o governo norte-americano entrasse em ação para retirá-lo do país imediatamente.
Logo após a confirmação da liberação, Brunson embarcou em um avião militar dos EUA rumo à base norte-americana em Ramstein, na Alemanha. De lá, o pastor pegará um voo para os Estados Unidos, segundo informações passadas por seu advogado, Cem Halavurt, à agência France Presse (AFP).
Pressão
O presidente dos Estados Unidos comemorou a libertação do pastor, afirmando que espera que Andrew Brunson possa “voltar para casa em breve”: “Meus pensamentos e orações estão com o pastor Brunson, e esperamos tê-lo em segurança de volta para casa em breve!”, escreveu Donald Trump no Twitter.
Trump também comentou que vinha “trabalhando muito duro” no caso, numa referência às medidas de sanção impostas à Turquia como forma de pressionar o presidente Recep Tayyip Erdogan a rever o caso.
Segundo informações do portal G1, no último dia 10 de agosto, Washington dobrou as tarifas de aço e alumínio da Turquia, que, por sua vez, adotou medidas de retaliação. Nas últimas semanas, a Turquia e os Estados Unidos mostraram sua disposição de reduzir as tensões, e o chefe da diplomacia americano, Mike Pompeo, disse que só esperava a libertação de Brunson.
A postura norte-americana deu resultado, e o pastor terminou libertado de maneira formal, sem maiores manobras jurídicas. Andrew Brunson vivia na Turquia há cerca de 20 anos, onde liderava uma pequena igreja protestante em Izmir, e sempre negou todas as acusações de atividades “terroristas”.
Dentre analistas internacionais, há quem veja a prisão de Brunson como uma manobra de Erdogan para conseguir, junto aos Estados Unidos, a extradição de Fethullah Gülen. Enquanto Barack Obama foi presidente, a situação do pastor não mudou, mas a postura mais agressiva de Trump levou a uma evolução, ao ponto do presidente turco afirmar que queria “resolver os problemas com os Estados Unidos o mais rápido possível”, embora tenha criticado a abordagem adotada.
Além do pastor, os Estados Unidos denunciam a detenção de vários americanos na Turquia, incluindo Serkan Gölge, um cientista da Nasa, além de dois funcionários turcos de missões diplomáticas americanas.