Andrew Brunson, o pastor norte-americano preso na Turquia sob acusação de terrorismo, conseguiu uma vitória em sua luta contra o processo que pode condená-lo a até 15 anos de prisão. A Justiça turca determinou que ele fosse mantido no regime de prisão domiciliar até segunda ordem.
Brunson foi acusado de envolvimento com grupos terroristas após uma tentativa de golpe de Estado que pretendia depor o presidente Recep Tayyip Erdogan, em julho de 2016 e terminou preso em outubro do mesmo ano.
Após episódio da tentativa de golpe fracassada, o mandatário iniciou uma verdadeira revolução totalitária, caçando qualquer pessoa que se oponha à sua cruzada de transformação do país em uma potência a serviço do islamismo.
O pastor vive na Turquia há mais de 20 anos e liderava uma igreja no país. No começo de 2018, ele escreveu uma carta dizendo que sua prisão não é motivada por qualquer crime que tenha cometido, mas simplesmente por ele ser um pastor cristão.
De acordo com informações do portal Christianity Today, Aykan Erdemir, ex-membro do parlamento turco e agora membro sênior da Fundação para a Defesa das Democracias, informou através do Twitter que Brunson seria movido para sua residência. “URGENTE – Tribunal turco decide transferir o pastor americano #AndrewBrunson e colocá-lo em prisão domiciliar”, escreveu Erdemir.
BREAKING – #Turkish court rules to release U..S. Pastor #AndrewBrunson and places him under house arrest.https://t.co/7VFhElVdJC
— Aykan Erdemir (@aykan_erdemir) 25 de julho de 2018
No cenário internacional, o caso do pastor é visto como uma carta na manga da Turquia para negociações políticas. Em junho, o Senado dos Estados Unidos demonstrou disposição em bloquear a negociação entre a Turquia e fabricantes de aviões militares norte-americanos caso o país não liberasse o pastor da prisão.
Uma audiência no início deste mês era aguardada sob a expectativa de que o tribunal responsável pelo caso do pastor o liberasse, mas o desfecho foi o oposto: “A promotoria, no entanto, desapontou os otimistas ao trazer testemunhas adicionais ao tribunal, que apresentaram alegações e boatos infundados. Enquanto isso, a mídia pró-governo da Turquia continuou a difamar o pastor, negando qualquer possibilidade de um julgamento justo”, diz Erdemir.
O senador Thom Tillis, da Carolina do Norte, estado natal de Brunson, juntou mais de 60 senadores em uma carta ao governo turco pedindo a libertação do pastor. “O pastor Brunson precisa saber que ele tem o apoio do Senado dos EUA”, disse o político, na ocasião.
Na última terça-feira, 24 de julho, a filha do pastor, Jaqueline Furnari, fez um discurso inflamado durante a primeira Reunião Ministerial do Departamento de Estado para o Progresso da Liberdade Religiosa, em defesa de seu pai. Com a voz embargada, disse que o pastor se sente “abençoado” por sofrer em razão de sua fé em Jesus Cristo.
“Eu conheço o caráter do meu pai como só uma filha pode conhecer, e sei que as acusações contra ele são absolutamente absurdas e falsas”, disse. “Ele não é um terrorista armado tentando derrubar qualquer governo. Ele é um pastor que foi ao Wheaton College e ao seminário e obteve um Ph.D. em Novo Testamento”, enfatizou.
Jaqueline conseguiu visitar seu pai na prisão apenas uma vez, em agosto de 2017, e ficou chocada ao ver as condições precárias em que ele era mantido, e ficou preocupada ao vê-lo sofrendo de ansiedade e depressão. “[Ele] foi permanentemente mudado por essa experiência. Mesmo quando esta provação acabar, ele nunca será a mesma pessoa que ele foi antes”, lamentou.