O pastor John Piper produziu um artigo sobre a pretensa doutrina que propaga a ideia de que Deus designe um anjo da guarda para cada um de seus servos, e disse que esse pensamento não tem coerência com a Bíblia Sagrada.
Piper, que atualmente se dedica ao ministério Desiring God afirmou que há muita confusão sobre que seriam os anjos referidos por Jesus em Mateus 18, e que acreditar que exista um anjo da guarda para cada cristão é uma interpretação precipitada do texto bíblico.
John Piper está destacando o papel que os anjos desempenham na vida dos cristãos, argumentando contra a ideia de que cada crente tem um ‘anjo da guarda’ específico, designado por Deus.
Escrevendo em um artigo para o seu site oficial ‘Desiring God’, na última terça-feira (4), o pastor observou que quando o evangelho de Mateus fala de “estes pequeninos”, Jesus está se referindo a Seus discípulos.
“A palavra ‘seus’ certamente implica que esses anjos têm um papel pessoal especial a desempenhar em relação aos discípulos de Jesus. Mas ‘os anjos’, no plural podem simplesmente significar que todos os crentes têm muitos anjos designados para servi-los e não apenas um específico”, explicou o pastor.
A passagem bíblica de Mateus 18:10 diz: “Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste”.
Nesse contexto, Piper repercutiu o conceito do reformador João Calvino, que cria que “o cuidado de toda a Igreja está no compromisso de muitos anjos, que ajudam cada membro conforme suas necessidades exigem”, conforme o próprio escreveu em um comentário sobre a harmonia dos evangelhos.
“Eu creio que a cuidadosa observação de João Calvino sobre este assunto está absolutamente certa”, enfatizou Piper, que enfatizou que as palavras de Jesus “não significam que um único anjo está continuamente ocupado com uma pessoa especificamente, e tal idéia é incompatível com toda a doutrina das Escrituras, que declara que os anjos acampam ao redor (Salmo 34: 7) do piedoso, e que não um só anjo, mas muitos, foram comissionados para guardar cada um dos fiéis”.
O pastor explorou ainda outro ponto de vista, que abre a possibilidade de que Jesus estivesse se referindo a guardiões específicos designados para cuidar de seus discípulos naquele contexto, o que não transformaria em algo automático para todos os cristãos.
“‘Seus anjos’ podem se referir a um anjo específico atribuído a cada discípulo”, especulou, a partir da passagem em Atos 12, onde Pedro é libertado da prisão e a Igreja acreditava que era seu anjo na porta e não ele. “Isso pode apenas implicar que naquela situação Deus tinha designado um anjo para usar a voz de Pedro (Atos 12:14), e talvez despertar um clamor ainda mais urgente da Igreja por ele”, acrescentou.
“Tudo o que os anjos fazem, em todo o mundo, em todos os momentos, é para o bem dos cristãos. Um anjo que faz alguma coisa pela atribuição de Deus em qualquer lugar do mundo está cumprindo a promessa de que Deus fará com que todas as coisas cooperem para o bem de todos os cristãos – em todos os lugares. É uma promessa arrebatadora e impressionante. Todos os anjos servem para o bem de todos os cristãos o tempo todo”, concluiu o pastor.