O pastor Geremias do Couto publicou em seu blog uma crítica ao encontro de lideranças evangélicas com a presidente Dilma Rousseff, sobretudo à recente reunião entre a presidente e um grupo de cantoras evangélicas promovida pelo ministro Marcelo Crivella.
Em seu texto, que leva o sugestivo título “Não somos gado, Dilma Rousseff”, o pastor afirma que a iniciativa para tais reuniões surgiu apenas como resposta à constate queda de popularidade do governo, agravada recentemente pelas manifestações que tomaram o país.
Ele critica também a apresentação de tais lideranças como representante do povo evangélico, e ressalta que a igreja evangélica não tem poder centralizado e que, portanto, os grupos que se reuniram com a presidente não representam a totalidade dos evangélicos.
– Cada grupo convidado assume para si a condição de representante do povo evangélico, quando, na verdade, não temos nenhuma voz institucional com procuração para falar em nosso nome. Cada grupo fala, no máximo, representando o próprio grupo. Somos diversificados e as nossas lideranças não são ainda capazes de estar unidas em questões dessa monta – critica o pastor.
Couto afirma ainda que encontros dessa natureza acontecem “no ritmo da tietagem muito comum em shows de celebridades”.
– É foto pra lá, foto pra cá, mas nenhuma comunicação concreta sobre os assuntos discutidos. – ressalta.
O pastor diz concordar com o argumento de se orar por todas as autoridades, e afirma que isso é sim uma recomendação bíblica, mas que é “negligência deixar de aproveitar oportunidades como essas para discutir uma pauta definida que contemple os anseios da população e confronte os erros do governante com suas medidas injustas, opressivas e destruidoras dos valores que sustentam a sociedade”.
Porém, ele ressalta que, se fosse para discutir tais assuntos, tais grupos não seriam nem mesmo convidados ao Palácio do Planalto.
– Desejo, sim, que a presidente Dilma Rousseff nos ouça, não nos olhando como mero curral eleitoral, mas como voz profética que tem muito a oferecer para a construção de um país mais justo e mais próspero. Fora isso, essas idas ao Palácio não passam de quimeras – finaliza.
Por Dan Martins, para o Gospel+