O pastor Joel Osteen, líder da igreja de Lakewood, é conhecido por sua cordialidade, positividade, e pela abordagem do Cristianismo de que Deus quer abençoar a todos. Acusado por outros cristãos de enfraquecer o Evangelho e pregar um “Evangelho açucarado”, o pastor participou recentemente do evento “A Noite da Esperança da América”, e concedeu entrevista na qual falou das críticas recebidas por ser ministério.
Em entrevista ao The Christian Post, no estádio de baseball Nationals Park, em Washington, um dia antes do evento, Osteen falou sobre a sensação geral de que ele é o representante do Evangelho da Prosperidade, sobre as dificuldades que ele enfrenta como pastor e como ele pretende transferir a liderança da igreja.
Indagado sobre ter sido mencionado no livro “Ore e fique rico” como um pastor que incorpora o Evangelho da Prosperidade e promove a heresia ao Cristianismo, Osteen declarou não saber o que é isso e ressaltou: “A forma como eu defino é que eu acredito que Deus quer que você tenha prosperidade na sua saúde, na sua família, nos seus relacionamentos, nos seus negócios e na sua carreira”.
“Eu não acredito que nós devemos passar pela vida derrotados e sem dinheiro para pagar nossas contas ou a escola de nossos filhos”, afirmou ainda o pastor que, se colocou como exemplo de prosperidade e concluiu dizendo: “Quando você O segue, a Bíblia diz que as Suas bênçãos vão te perseguir e envolvê-lo”.
Leia a entrevista na íntegra
CP: Os eventos da Noite da Esperança têm sido muito bem sucedidos em relação aos números, chamando a atenção de milhares de pessoas. Como você gostaria que estivesse a Noite da Esperança ou o Projeto Geração da Esperança, o qual é ligado, em 5 anos?
Osteen: Eu espero vê-los crescendo e com muito sucesso e, no caso do Geração da Esperança, ainda há muito espaço para crescer. Estamos apenas no início, em vez de 500 voluntários, talvez no próximo evento teremos 5.000 e, de fato, emocionando a comunidade. No que diz respeito ao Noite da Esperança, eu adoro dar às pessoas a oportunidade de fortalecer a sua fé e é por isso que fazemos esses encontros em grandes estádios.
CP: Você falou em seu livro que seu pai passou muito tempo na Índia ministrando. A Igreja de Lakewood vai levar adiante a paixão de seu pai pelo trabalho do ministério no exterior? Como?
Osteen: Sim, nós já o fazemos. A principal missão do meu pai no exterior era formar pastores e isso nós ainda fazemos, de uma outra forma. Eu não viajo muito como meu pai fazia, mas nós ainda mandamos materiais e também temos muitas missões para assistência médica. Meu irmão é cirurgião e temos muitas outras equipes de médicos na igreja, que vão a diferentes países para trabalhar, levar suprimentos e coisas assim. Por isso, nós acreditamos que somos abençoados por poder estender a mão a quem precisa.
CP: Você viu esse livro? É o novo livro do colunista do New York Times, Ross Douthat, chamado “Má religião: Como nos tornamos uma nação de heréticos”. E você faz parte desse livro…
Osteen: [Risos] Não é uma coisa boa, é? Não ouvi falar, não.
CP: Bem, é um livro novo, foi lançado na semana passada e tem um capítulo chamado “Ore e fique rico” – Capítulo 6 – e ele inicia o capítulo citando você. Ele fala que você ora um evangelho animado que diz que “Deus dá sem exigir nada em troca, perdoa sem julgar e dá as recompensas ainda nesta vida. …Osteen incorpora o remodelamento do Cristianismo, para se adaptar a uma época de abundância, na qual a antiga guerra entre religião e dinheiro parece ter acabado, para muitos crentes, criando uma união entre Deus e os bens materiais”. Resumindo, Douthat fala que você incorpora o Evangelho da Prosperidade e promove a heresia ao Cristianismo. Você se considera um pregador do Evangelho da Prosperidade? Isso é uma heresia?
Osteen: Eu não me considero um… Eu realmente não sei o que é o Evangelho da Prosperidade. A forma como eu defino é que eu acredito que Deus quer que você tenha prosperidade na sua saúde, na sua família, nos seus relacionamentos, nos seus negócios e na sua carreira. Eu também… se isso é o Evangelho da Prosperidade, então eu acredito.
Eu não acredito que nós devemos passar pela vida derrotados e sem dinheiro para pagar nossas contas ou a escola de nossos filhos. Então, quando eu escuto uma coisa dessas, eu penso que não pode ser para mim, ele não me conhece, nem sabe o que eu ensino. Porque ele diz que Deus não acredita nisso…que Ele não exige nada, eu não quis dizer isso, porque eu sempre falo que Deus recompensa a obediência. Quando você O segue, a Bíblia diz que as Suas bênçãos vão te perseguir e envolvê-lo.
Minha vida é um exemplo disso. Eu vi a bondade de Deus. Eu não considero o Evangelho da Prosperidade…Eu não creio que ele tenha me julgado corretamente. Às vezes as pessoas pegam uma coisa aqui, outra ali… Mas eu sempre falo sobre julgamentos, sofrimento, de você dar o seu melhor mesmo quando suas orações não são atendidas.
CP: Existem várias pesquisas que mostram que 75% dos norte-americanos são Cristãos, você acha que é verdade? Você acha que esse número pode ser maior ou menor?
Osteen: Eu acho que o problema, ou dificuldade, está na definição de Cristão. Se algumas pessoas me dizem que se eu sou norte-americano, que eu sou cristão – eu não necessariamente vou acreditar nisso. Eu creio que um cristão é uma pessoa que acredita no Senhor e que é um seguidor de Cristo, eu acho que esta é a diferença.
As pessoas têm uma definição diferente de Cristianismo. Acho que uma grande parte de nossa população é cristã, eles não desenvolvem a sua fé, não são muito praticantes, mas creio que muitas pessoas acreditam em Jesus e acreditam que Ele é nosso Senhor e Salvador.
CP: Qual você acha que foi o principal problema que causou a queda da Catedral de Cristal?
Osteen: Bom, eu não sei muitos detalhes sobre isso. O que eu sei é que os Schullers são boas pessoas. Eu encontrei o Dr. Schuller e a família e eles amam ao Senhor e têm feito muitas coisas boas pelo Cristianismo. E nós sentimos muito ao vê-la cair. Eu acho que houve alguma divisão dentro da igreja, mas eu fiquei muito triste quando isso aconteceu, porque eu amo os Schullers.
CP: De qual pregador você gosta de ouvir sermões? Há algum em particular?
Osteen: Ah, são muitos e não gostaria de dar nomes porque posso deixar alguém de fora. Mas sempre ouço diferentes ministros, de todas as categorias, alguns dos mais velhos nem estão mais vivos – como meu pai. Mas existem muitos contemporâneos e, de novo, tenho receio de deixar alguém de fora, mas estou sempre escutando vários deles.
CP: Você diz abertamente que não fez nenhum seminário de treinamento, não sei se isso mudou. Mas você pode falar como você acha que o treinamento teológico pode ajudar o pastor a pregar o Evangelho, e se ele pode atrapalhar?…
Osteen: Claro, creio que seja útil para entender melhor a Bíblia. Se eu iniciasse a carreira de ministro hoje, se eu fosse jovem, com certeza eu gostaria de ir a seminários. Só que não foi assim comigo. Acho que, acima de tudo, é muito importante aprender melhor a Bíblia. É claro que eu acho que às vezes você pode aprender coisas que podem te afastar de quem você realmente é. Mas eu acho que como um todo, sou a favor de que as pessoas vão para o seminário e estudem mais. Acredito que seja muito útil.
CP: Temos visto em todos esses anos que você faz um trabalho maravilhoso, que ecoa nas pessoas, compartilhando o Evangelho. O que você acha desses dizeres: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém chega ao Pai senão por meu intermédio” e “no mundo tereis tribulações” – como você ensina a verdade dessas mensagens?
Osteen: Bem, no final de cada culto eu chamo as pessoas ao altar para que elas possam professar a sua fé. Eu estava lendo a Bíblia, há uns dois dias atrás, e uma tradução dizia que Jesus disse que “se você me reconhecer publicamente diante das pessoas, eu te reconhecerei diante de meu Pai no céu”. Então, há uma grande parte dentro desses encontros (Noite da Esperança) onde as pessoas têm a oportunidade de dizer: “Jesus, eu creio que és o Messias, és o Cristo, meu Senhor”. Então, é assim que eu transmito as escrituras. E mostrando às pessoas que eu creio que Jesus é o único caminho. Se você não acredita, tudo bem, mas eu acredito nisso e é assim que eu reforço a minha fé.
Estas escrituras que você citou dizem que nesse mundo você terá muitos problemas, provações e sofrimento, mas elas também dizem das alegrias que você terá ao vencer os obstáculos. Uma parte da minha mensagem diz que Deus não falou que nós nunca passaríamos por dificuldades, mas Ele disse para enchermos nossos corações de alegria, e eu vou te ajudar a vencer. Eu acho que é isso que ecoa nas pessoas e ajuda a chamá-las à atenção para isso. Porque essa não é uma mensagem que você mal consegue seguir, você é uma vítima. Nós não somos vítimas, somos vitoriosos.
CP: Qual a pior parte em ser um pastor da sua importância e popularidade? Nós sempre te vemos sorrindo, mas às vezes você sente vontade de desistir?
Osteen: Às vezes você se sente desencorajado e as coisas parecem ir contra você, mas eu não sei se eu já pensei em desistir alguma vez. Eu acho que uma das coisas mais difíceis é quando eu estou ministrando aos domingos e eu tenho que ter uma palavra nova, tenho que ser prático, preciso manter a atenção das pessoas e assim, tudo novamente, dentro de sete dias. Então, acho que você deve sempre se renovar, esta é provavelmente a coisa mais difícil, estar em equilíbrio, renovado e dar o seu melhor enquanto está lá em cima ministrando.
CP: Você já planejou como vai ser a entrega da liderança da sua igreja?
Osteen: Não, eu não acho que eu tenha planejado, mas já pensei nisso e preparei em minha cabeça e em meu ministério quais passos eu devo dar. Mas eu ainda tenho 49 anos, sou jovem ainda, eu faria diferente do que fez meu pai. Ele não promoveu ninguém abaixo dele. Aos 77 anos ele ainda ministrava. Não estou dizendo que não ministraria em algum lugar, mas, à minha maneira, eu gostaria de ter alguém comigo dentro de 10 ou 15 anos, e gostaria que fosse o meu filho.
CP: O senhor gostaria de acrescentar algo sobre a Noite da Esperança ou alguma outra coisa?
Osteen: Não, acho que é só. Estou muito feliz em estar aqui em Washington. Viemos porque é um ano de eleições e a política está muito dividida, é quase 50/50. E nós pensamos que seria um bom ano para tentar trazer unidade. As escrituras dizem que Deus abençoa os homens que andam unidos, então nós pensamos que seria bom para nós ficarmos juntos, Democratas e Republicanos, crentes e não crentes, todos os diferentes estilos de vida e dizermos: “Olha, estamos aqui esta noite para celebrar a bondade de Deus”.
Fonte: Gospel+