O carnaval se aproxima e, junto com a festa secular, a discussão sobre a participação de cristãos ressurge. Sempre há grupos defendendo que não há mal se o fiel não se submeter a excessos, prostituição e promiscuidade. De outro lado, há quem reprove tal argumento, destacando que a conduta de quem segue a Jesus deve ser um testemunho de mudança de vida.
Na ala que reprova a participação dos cristãos no carnaval está o pastor, escritor e conferencista Renato Vargens, que publicou um artigo contextualizando as origens e simbologia do carnaval, e pontuando argumentos para que os fiéis em Cristo se abstenham da festa secular.
“Alguns crentes em Jesus não veem nenhum problema no carnaval. Para eles, se não tiver azaração, pegação, bebidas e drogas, não existe nenhum mal em desfrutar da festa de Momo. Mesmo porque, o que importa é a diversão. Segundo estes, ‘o desfile na televisão é tão bonito!’; ‘E outra coisa: que mal tem se alegrar ao som dos sambas enredos do Rio de Janeiro?’ Pois é, o que talvez estes crentes ignorem é a história, o significado e a mensagem do carnaval”, introduziu Vargens.
Segundo o pastor, “ao estudarmos a origem do carnaval, vemos que ele foi uma festa instituída para que as pessoas pudessem se regalar com comidas e orgias, antes que chegasse o momento de consagração e jejum que precede à Páscoa – a Quaresma”.
Citando a definição da The Grolier Multimedia Encyclopedia (1997) para a festa, Vargens frisa que “o carnaval provavelmente vem da palavra latina ‘carnelevarium’ (eliminação da carne), festa que começa tipicamente cedo, no ano novo, geralmente no Epifânio, 6 de janeiro, e termina em fevereiro com a Mardi Gras, na terça-feira da penitência (Shrove Tuesday)”.
“Provavelmente, originário dos ‘Ritos da Fertilidade da Primavera Pagã’, o primeiro carnaval que se tem conhecimento foi na Festa de Osíris, no Egito, evento que marca o recuo das águas do rio Nilo. Os carnavais alcançaram o pico de distúrbio, desordem, excesso, orgia e desperdício, junto com a Bacchanalia Romana e a Saturnalia”, acrescentou o pastor.
Dessa forma, o carnaval é “uma festa pagã que os católicos tentaram mascarar para parecer com uma festa cristã”, já que os “romanos adoravam comemorar com orgias, bebedices e glutonaria”, destacou Vargens.
“A Bacchanalia era a festa em homenagem a Baco, deus do vinho e da orgia. Na Grécia havia um deus muitíssimo semelhante a Baco, cujo nome era Dionísio, da Mitologia Grega. Dionísio era o deus do vinho e das orgias. Veja o que The Grolier Multimedia Encyclopedia – 1997 diz a respeito da Bacchanalia ou Bacanal, Baco, Dionísio e sobre o Festival Dionisiano: ‘O Bacanal ou Bacchanalia era o Festival romano que celebrava os três dias de cada ano em honra a Baco, deus do vinho. Bebedices, orgias sexuais e outros excessos caracterizavam essa comemoração, o que ocasionou sua proibição em 186 dC’”.
Ao sintetizar sua opinião, o pastor observa que “no Brasil o carnaval possui a conotação da transgressão”, e dessa forma, ganha a simpatia de muitos, inclusive os que se declaram cristãos. “Disfarçada de alegria, a festa de Momo promove promiscuidade sexual, prostituição infantil, violência urbana, consumo de drogas, além de contribuir para a desconstrução de valores primordiais ao bem estar da família”, lamentou.
“Tenho plena convicção de que não vale a pena enredar-se nas oferendas do carnaval. Como crentes em Jesus, devemos nos afastar de toda aparência do mal. Participar da festa de Momo significa deixar-se levar por valores anti-cristãos e imorais, permitindo assim que o adversário de nossas almas semeie em nossos corações, conceitos absolutamente antagônicos aos ensinos deixados por Jesus”, aconselhou Renato Vargens, no texto publicado originalmente no portal Pleno News.
Por fim, ele sugeriu a leitura do poema do reverendo presbiteriano Jerônimo Gueiros (1880-1954), que desempenhou seu ministério em Recife (PE) e se destacou como apologista e literato. Confira:
Carnaval! Empolgante Carnaval!
Festa vibrante! Festa colossal!
Festa de todos: de plebeus e nobres,
Que iguala, nas paixões, ricos e pobres.
Festa de esquecimento do passado,
De térreo paraíso simulado…
Falsa resposta à voz do coração
De quem não frui de Deus comunhão,
Festa da carne em gozo desbragado,
Festa pagã de um povo batizado,
Festa provinda de nações latinas
Que se afastaram das lições divinas.
Ressurreição das velhas bacanais,
Das torpes lupercais, das saturnais
Reino de Momo, de comédias cheio,
De excessos em canções e revolteio,
De esgares, de licença e hilaridade,
De instintos animais em liberdade!
Festa que encerra o culto sedutor
De Vênus impudica em seu fulgor.
Festa malsã, de Cristo a negação,
Do “Dia do Senhor” profanação.
Carnaval! Estonteante Carnaval!
Desenvoltura quase universal!
Loucura coletiva e transitória,
Deixa do prazer lembrança inglória,
Festa querida, do caminho largo,
De início doce, mas de fim amargo…
Festa de baile e vinho capitoso,
Que morde como ofídio venenoso,
Que tira do homem sério o nobre porte,
E gera o vício, o crime, a dor e a morte.
Carnaval! Vitando Carnaval!
Festa sem Deus! Repúdio da moral!
Festa de intemperança e gasto insano!
Trégua assombrosa do pudor humano,
Que solta a humana besta no seu pasto:
O sensualismo aberto mais nefasto!
Festa que volve às danças do selvagem
E do africano, em fúria, lembra a imagem,
Que confunde licença e liberdade
Nos aconchegos da promiscuidade
Sem lei, sem norma, sem qualquer medida,
Onde a incauta inocência é seduzida,
Onde a mulher, às vezes, perde o siso
E o cavalheiro austero o são juízo;
Onde formosas damas, pela ruas,
Exibem, saltitando, as formas suas,
E no passo convulso e bamboleante,
Em requebros de dança extravagante,
Ouvem, no “frevo”, as chufas e os ditados
Picantes, de homens quase alucinados,
De foliões audazes, perigosos,
Alguns embriagados, furiosos!
Muitos, tirando a máscara, em tais dias,
Revelam, nessas loucas alegrias,
A vida que levaram mascarados
Com a máscara dos homens recatados…
Carnaval! Perigoso Carnaval!
Que grande festa e que tremendo mal!
Brasil gigante, atenção! Atenção!
O Carnaval é festa de pagão!
Repele-o! Que te traz só dor e morte!
Repele-o! E inspira em Deus a tua sorte.