A perseguição religiosa é um dos grandes desafios enfrentados pela comunidade cristã que vive na Índia, país que nos últimos anos tem intensificado o combate à conversão dos hindus ao cristianismo. No último dia 18, por exemplo, um pastor chegou a ser preso por esse motivo.
Kuryichan foi acusado falsamente, juntamente com a sua esposa, de fazer a conversão forçada de pelo menos 1000 indianos. O caso foi registrado em Karnataka, no sudoeste da Índia, e noticiado pela agência Indian Extress.
“Nos diga, quantas pessoas você converteu? Quanto dinheiro você coletou e onde estão suas contas bancárias?”, questionou um dos extremistas que invadiram a casa do pastor, a fim de denunciá-lo pelas supostas conversões. Um vídeo desse momento viralizou nas redes sociais.
Segundo um policial local, o pastor e a esposa poderão ser acusados de violar uma lei anticonversão. Isso, porque, o trecho 295 do Código Penal Indiano classifica como crime os “atos deliberados e maliciosos, destinados a indignar os sentimentos religiosos de qualquer classe, insultando sua religião ou crenças religiosas”.
Essa e outras leis semelhantes que vigoram em vários estados da Índia, porém, têm sido utilizadas não contra os verdadeiros violadores da legislação, mas sim contra quem anuncia uma fé diferente da tradição hinduísta.
Com isso, falsas acusações de conversão forçada se tornaram comuns no pais. Esse é um dos motivos pelos quais a Índia está na 10ª colocação na lista mundial dos 50 países que mais perseguem cristãos e outros no mundo, segundo a organização de vigilância religiosa Portas Abertas.
“Isso tem levado cristãos e outras minorias religiosas a serem alvo sistêmico, muitas vezes de forma violenta e cuidadosamente orquestrada, incluindo o uso de mídias sociais para disseminar notícias falsas e espalhar ódio”, alerta a entidade.
O arcebispo de Bengaluru, Peter Machado, condenou a prisão do pastor evangélico, que agora poderá pegar uma pena de 3 a 10 anos. Ele lembrou que a população cristã indiana contribui para o desenvolvimento do país, o que não tem sido respeitado pelas autoridades locais.
“A comunidade cristã se sente traída quando seus sentimentos não são levados em conta e seus serviços nas áreas de educação, saúde e outras áreas sociais, para o bem-estar de todas as comunidades, não são levados em consideração”, afirmou o clérigo.