Em meio à catástrofe do Rio Grande do Sul, o Ministério Público de Minas Gerais decidiu denunciar uma influenciadora cristã por conta de suas opiniões relacionadas ao que seriam as causas espirituais das enchentes no estado: a prática de “macumba”.
O conceito de liberdade religiosa presente na Constituição Federal abrange, inclusive, as interpretações dos fatos sociais a partir da fé. Exemplo disso é a vitória recente do pastor Yago Martins, que foi denunciado pelo Ministério Público por “racismo religioso” por dizer que “todo sacrifício feito a outros deuses é feito a demônios”.
Yago, na ocasião, enfatizou que a partir da interpretação cristã do que diz a Bíblia Sagrada, “no candomblé, adoram demônios; na umbanda, adoram demônios”. Após o arquivamento da denúncia, o pastor batista criticou o MP: “Oneraram o Estado para constranger pastor na internet”.
O mesmo cenário agora se repete com a influenciadora Michele Abreu, denunciada por “intolerância religiosa” por conta de publicações suas que associavam a situação de calamidade pública do Rio Grande do Sul às práticas das religiões de afro-brasileiras, popularmente tratadas como “macumba”.
No vídeo que alcançou 3 milhões de visualizações, Michele expõe sua percepção da influência espiritual nos fatos que assolam o estado gaúcho: “Eu não sei se vocês sabem, mas o estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com maior número de terreiros de macumba, mais do que a Bahia. […] Alguns profetas já estavam anunciando sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul, devido à ira de Deus mesmo. As pessoas estão brincando e muitos inocentes pagam o preço junto”, diz a influenciadora.
De acordo com informações do portal Migalhas, Michele pode ser proibida de deixar o país e fazer novas publicações semelhantes em redes sociais como medida cautelar, enquanto o processo não é julgado.
Na denúncia, a promotora de Justiça Ana Bárbara Canedo Oliveira diz que a influenciadora induziu outras milhares de pessoas à discriminação, ao preconceito e à intolerância contra as religiões de matriz africana.
O MP-MG diz que, em caso de condenação, a pena imposta a Michele Abreu pode ser de dois a cinco anos de prisão, além de multa.