Uma audiência do Senado dos Estados Unidos ouviu uma pastora metodista sobre a nomeação de um novo integrante da Suprema Corte, e durante sua fala, ela defendeu a prática do aborto como algo coerente com as Escrituras.
O Senado vem debatendo a nomeação de Brett Kavanaugh para a Suprema Corte, e parte do processo inclui a realização de audiências públicas. Em uma delas, a pastora Alicia Baker, da Igreja Metodista de Indiana, pediu que o Comitê Judiciário do Senado recuse a indicação porque ele se posicionou, em 2015, contra o fornecimento, através do Obamacare, de medicamentos que pudessem causar abortos.
Em seu relato, a pastora Alicia contou que em 2016 estava se preparando para o casamento e estudando opções para controle de natalidade. Ela escolheu usar um DIU e conluiu que sua seguradora – Financial Resources Guidestone (FRG), da Convenção Batista do Sul – cobriria o problema.
No entanto, ela recebeu uma mensagem de Guidestone dizendo que a seguradora “não fornece cobertura para abortos ou drogas que causam abortos, pois isso viola nossas convicções bíblicas sobre a santidade da vida”.
“Um DIU é uma forma de controle de natalidade que previne a gravidez; não aborta uma gravidez”, disse a pastora. Assim como a FRG, outras organizações religiosas apontam para as evidências científicas de que os DIUs e as pílulas do dia seguinte podem agir após a fertilização.
Essas organizações acreditam que a vida começa na concepção. Um relatório das Nações Unidas em 1996 afirmou que, embora o DIU seja projetado para impedir a fertilização, em alguns casos ele pode “impedir a implantação” de um embrião.
“Jesus nos leva a defender uma sociedade justa que permita que as pessoas vivam suas vidas ao máximo”, disse a pastora Alicia Baker. “Em João 10:10, Jesus diz: ‘Eu vim para que você tenha vida e tenha em abundância’. Nesta passagem, Jesus não se refere apenas à salvação pessoal; também pretende que procuremos justiça para os pobres e oprimidos aqui na Terra. Uma das maneiras de conseguir isso é apoiando políticas para ajudar mães, pais solteiros e famílias de baixa renda, tanto antes quanto depois do nascimento dos bebês”, acrescentou a pastora, que interpretou o conceito de vida como um suporte para a ideia do aborto.
“E isso significa apoiar o acesso a contraceptivos acessíveis, porque permitir que as pessoas planejem se querem engravidar e quando engravidar, o controle de natalidade nos permite viver nossas vidas mais completas”, insistiu a pastora, que por essa única divergência, pediu que o comitê impeça a nomeação de Kavanaugh à Suprema Corte.
“Como uma pessoa de fé profunda, eu nunca imporia minhas crenças religiosas a ninguém, nem a mais ninguém. Minhas crenças religiosas são separadas da lei. O registro do juiz Kavanaugh mostra que ele não respeita essa separação crítica”, argumentou.
Embora a FRG tenha recebido uma isenção da obrigação de fornecer material abortivo/contraceptivo no sistema Obamacare, a empresa teve que processar o governo federal em 2013 para obter tal liberdade.
O presidente da empresa, OS Hawkins, afirmou em 2013 que a questão era uma questão de liberdade religiosa. “Nós relutantemente tomamos este passo porque estamos comprometidos em proteger os nascituros e preservar a liberdade religiosa que é garantida pelas leis desta nação. Este mandato funciona mal nesses princípios fundamentais”, afirmou à época, segundo o portal Noticias Cristianas.