Pesquisas científicas realizado ao longo de décadas chegaram à conclusão de que existe uma forte relação entre frequentar cultos e ter satisfação pessoal e saúde. Agora, um novo estudo que visa desvendar como a fé afeta o cotidiano vem sendo desenvolvido por pesquisadores.
A base para os novos estudos tem sido os dados demográficos, que são considerados limitados, mas permitem um olhar sobre os fenômenos sociais que sutilmente influenciam na sensação de felicidade.
“De fato, não existe uma ferramenta capaz de avaliar adequadamente como comportamentos religiosos trazem, ao longo de décadas, determinadas mudanças na vida de alguém. Por outro lado, sabemos que a fé provoca efeitos. Essa conjunção de fatores torna difícil separar completamente as variáveis. Os pesquisadores precisam analisar com muito critério os poucos indícios escondidos entre os dados colhidos de milhares de pessoas”, diz um artigo publicado pela revista Scientific American.
Os sociólogos Lim e Robert D. Putnam, da Universidade Harvard, analisaram informações de uma pesquisa feita com três mil americanos sobre fé. As perguntas giravam em torno do comportamento religioso, como por exemplo, “quantas vezes sentia o amor de Deus, orava ou lia textos sagrados”.
Como resultado, descobriu-se que a felicidade não estava associada à quantidade de vezes que o entrevistado buscava a Deus, mas sim com a frequência aos cultos. 28,2% dos que disseram ir a cultos pelo menos uma vez por semana se descreviam como “extremamente satisfeitos”, enquanto que entre aqueles que não mantém essa rotina, apenas 19,6% se diziam felizes. “A mesma diferença percentual, com vantagem dos crentes, aparece em relação à saúde e renda familiar”, acrescentou o artigo.
A vida em comunidade foi outro aspecto que, de acordo com os pesquisadores, influenciou na sensação de felicidade dos entrevistados. A fé, embora seja um fator essencial nesse caso, é acompanhada dos laços de amizade entre os fiéis. No entanto, Lim D. Putnam destaca que frequentar a igreja sem manter amizades pode ser pior do que não frequentar. “Talvez possamos aprender algo com os laços que se formam entre os que frequentam uma igreja e procurar algo semelhante nos ambientes seculares”, observou.