Políticos evangélicos têm notado as incertezas na campanha de Lula (PT) e decidiram traçar uma estratégia que visa mobilizar os fiéis para reeleger o presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno.
Na campanha de Lula, há um segmento dedicado a trabalhar com as redes sociais, mas todo esse esforço tem sido frustrado com a baixa adesão de eleitores. Do outro lado, grupos descentralizados de apoiadores de Bolsonaro se mobilizam para declarar voto no presidente.
Um núcleo da campanha do petista, chamado “Lulaverso”, foi criado há dois meses com o foco de divulgar, através de WhatsApp e Telegram, as manifestações do ex-presidente. O resultado, porém, tem sido considerado “inexpressivo”.
“O canal detém oito grupos de WhatsApp com inexpressivos 1.006 membros, no total. Já o perfil do Telegram conta com 2.595 inscritos. A título de comparação, o canal oficial de Jair Bolsonaro no Telegram tem 1,3 milhão de membros”, noticiou a jornalista Naira Trindade no jornal O Globo.
O próprio Lula demonstrou frustração com esse fracasso durante uma reunião com senadores do MDB em Brasília, há duas semanas, para tratar de alianças partidárias nas próximas eleições.
Enquanto isso, os políticos evangélicos que possuem mandato no Congresso Nacional esboçam um plano para levar Bolsonaro a vencer as eleições de outubro ainda no primeiro turno.
O plano, ambicioso, é bastante simples: estimular evangélicos que votarão em Bolsonaro a convencer um amigo ou parente indeciso a reeleger o presidente. O cálculo é que, se a ideia for bem-sucedida, a base evangélica de apoio será dobrada de tamanho nas urnas.
“Numa conversa no avião presidencial rumo a Cuiabá, 15 deputados federais e quatro senadores da bancada evangélica do Congresso traçaram uma estratégia para impulsionar fiéis a aderirem à campanha de Jair Bolsonaro na ambiciosa missão de se decidir as eleições no primeiro turno. O plano dos ‘parlamentares-pastores’ é convencer cada fiel que frequenta a igreja a virar um voto para o presidente”, resumiu a jornalista Naira Trindade.
Aliados aguerridos
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), é afilhado político do pastor Silas Malafaia, que por sua vez, é um dos principais aliados políticos do presidente Bolsonaro no meio evangélico.
Recentemente, Sóstenes comentou o episódio da condenação do colega parlamentar Daniel Silveira (PTB-RJ), afirmando que o Supremo Tribunal Federal tem postura provocativa e trava uma guerra silenciosa contra Bolsonaro.
“Então agora que venha para guerra contra o presidente da República”, disse o deputado, após o decreto que concedeu “graça constitucional” a Silveira.
Malafaia, no mesmo episódio, ofereceu um alerta aos ministros do STF: “Senhores ministros do STF: o povo brasileiro está com o presidente. Não cometam nenhuma loucura nessa questão, que vocês vão sentir a força do povo. O povo é o supremo poder. O presidente da República, a autoridade máxima e, nas suas atribuições, deu indulto dessa vergonha”.