Fragmentos de pregos que se acredita terem sido usados na crucificação de Jesus foram revelados ao público no relatório de um novo estudo. Esses itens apareceram pela primeira vez após uma escavação em 1990 na sepultura de Caifás, o sumo sacerdote que organizou um complô para matar Jesus de acordo com o Novo Testamento.
Os pregos possuem madeira antiga e fragmentos de osso sobre eles, segundo as descobertas mais recentes. Há 30 anos, os estudiosos da época rejeitaram a hipótese, negando que os pregos que o cineasta israelense Simcha Jacobovici havia encontrado fossem os mesmos da tumba de Caifás.
Na semana passada, Aryeh Shimron, um geólogo aposentado de Jerusalém que liderou um novo estudo sobre esses fragmentos, descobriu que os pregos eram os mesmos tirados da sepultura de Caifás e também foram usados para crucificar outra pessoa. “Dentro da ferrugem e sedimentos presos aos pregos, também identificamos e fotografamos uma série de fragmentos microscópicos de osso”, disse ele.
“Eu acredito que a evidência científica de que os pregos foram usados para crucificar alguém é realmente poderosa”, acrescentou Shimron, conforme informações do portal Jerusalem Post.
Contexto
Depois da polêmica em 1990, os pregos desapareceram misteriosamente, apenas para ressurgir quando Simcha Jacobovici disse em seu documentário de 2011 Nails of the Cross que encontrou os pregos que foram usados na crucificação. O filme segue três anos de pesquisas em que apresenta suas afirmações – algumas baseadas em dados empíricos, outras exigindo muita imaginação e muita boa vontade.
Jacobovici disse que a descoberta foi histórica. Mas a maioria dos especialistas e acadêmicos contatados pela agência Reuters para avaliar o caso considerou o cenário complexo, com alguns afirmando tratar-se de golpe publicitário.
Muitas relíquias antigas, incluindo outros pregos que supostamente remontam à crucificação, foram apresentadas ao longo dos séculos como tendo uma conexão com Jesus. Muitos foram considerados falsos, enquanto outros foram considerados sagrados: “Se você olhar para todo o caso – histórico, textual, arqueológico – todos parecem apontar para esses dois pregos envolvidos em uma crucificação”, disse Jacobovici. “E uma vez que Caifás está associado apenas à crucificação de Jesus, você coloca 2+2 juntos e eles parecem indicar que estes são os pregos”, argumentou.
A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), que supervisionou a escavação em Jerusalém, disse em reação ao lançamento do filme que nunca havia sido provado sem sombra de dúvida que a tumba era o local de sepultamento de Caifás.
A agência também disse que os pregos são comumente encontrados em tumbas: “Não há dúvida de que o talentoso diretor Simcha Jacobovici criou um filme interessante com um verdadeiro achado arqueológico em seu centro, mas a interpretação apresentada nele não tem base em achados ou pesquisas arqueológicas”, declarou o IAA na ocasião.
Otimismo
No entanto, Shimron acredita que agora há maiores informações que permitem maior convicção: “Os materiais diferem sutilmente de caverna para caverna, dependendo da topografia, da composição do solo na área, do microclima e da vegetação próxima”, disse o geólogo. “A nossa análise demonstra de forma clara e inequívoca que estes materiais [da caverna] são químico e fisicamente idênticos aos que, ao longo dos séculos, também se fixaram nos pregos”, acrescentou.
“Também descobrimos lascas finas de madeira acumuladas dentro da ferrugem do óxido de ferro dos pregos […] Está bem preservado e inteiramente petrificado. Portanto a madeira é antiga, e não obra do acaso ou um acessório falso e artificial feito para os pregos. […] Acredito que a evidência científica de que os pregos foram usados para crucificar alguém é realmente poderosa”, concluiu Shimron, conforme informações do Daily Mail.