Os evangélicos nos Estados Unidos são vistos como um pilar eleitoral do Partido Republicano e essenciais para a tentativa do presidente Donald Trump de conquistar um novo mandato. A eleição promete ser apertada, como nos anos anteriores.
Na eleição de 2016, um em cada quatro eleitores se identificou como cristão evangélico branco, de acordo com as pesquisas, que também constataram que a grande maioria desse grupo, 81%, votou em Trump.
John Fea, professor de História da Universidade Messiah da Pensilvânia e autor do livro Confie em mim: o Caminho Evangélico até Donald Trump, avalia que o presidente “vai precisar disso e talvez de mais ainda para vencer em novembro”, já que a oposição é apontada pelos institutos de pesquisa como favorita. Em 2016, o cenário era o mesmo, e o republicano derrotou Hillary Clinton.
“Eles são muito influentes”, disse John Fea sobre os evangélicos, em entrevista à BBC News Mundo.
O professor lembrou o histórico de eleições nos EUA que os evangélicos fizeram diferença, e citou um caso em particular, que marcou o engajamento definitivo: em 1973, quando a Suprema Corte legalizou o aborto no caso Roe versus Wade, e o presidente era Jimmy Carter (Partido Democrata).
Os evangélicos, então, reagiram a isso nos anos seguintes, e em 1980 foram decisivos na vitória de Ronald Reagan (Partido Republicano). “Os evangélicos brancos têm sido um eleitorado mais conservador e numeroso do que os evangélicos afro-americanos, que priorizam a ‘justiça racial’ e, portanto, tendem a apoiar esmagadoramente os democratas”, explicou Fea, admitindo que os evangélicos brancos nos EUA “são muito mais unidos, eles formam um bloco de eleitores”.
Greg Smith, diretor associado do Pew Research Center, aponta que a ligação do segmento evangélico com o Partido Republicano continua até hoje: “Há muito tempo vemos que protestantes evangélicos brancos estão entre os eleitores republicanos mais consistentes nos Estados Unidos e entre os apoiadores mais fortes, leais e consistentes de Donald Trump”, disse.
“A direita religiosa tem uma operação muito sólida e bem organizada para incentivar o voto, por isso é muito importante para o Partido Republicano vencer as eleições”, disse a escritora Sara Posner, que tem visão crítica contra Trump e lideranças evangélicas.
Trump tem um vice-presidente evangélico, Mike Pence, e buscou garantir que os evangélicos votassem nele novamente. Parte desse esforço foi ajudado pela vaga surgida na Suprema Corte, para a qual indicou a juíza cristã Amy Coney Barret, já aprovada pelo Senado.
“A participação eleitoral dos evangélicos brancos será muito importante para Trump: ele precisa que eles saiam em grande número para votar. Caso contrário será muito mais difícil para ele vencer”, concluiu a escritora Sara Posner.