A absolvição do pastor Felipe Heiderich, meses atrás, abriu caminho para que ele retomasse seu ministério. Convidado, ele fez uma ministração na Assembleia de Deus Libertados pela Graça, em Campo Grande, Rio de Janeiro (RJ).
“Foi difícil relembrar a carta daqueles pastores exigindo que eu nunca mais na vida colocasse os pés na igreja. Mas foi um tempo de cura para essa lembrança ao ver que Deus se fez presente”, declarou o pastor Felipe Heiderich durante seu sermão.
Em abril último, o pastor foi absolvido das acusações de pedofilia e abuso sexual contra seu ex-enteado, o filho da cantora e escritora Bianca Toledo, com quem foi casado. Após a divulgação da sentença, ele relatou que passou por humilhações na cadeia, além de ter sido espancado.
Assista um trecho da ministração de Heiderich:
Relato
Numa entrevista concedida ao SBT, no mesmo mês, Heiderich narrou os momentos de tensão e terror que viveu durante a internação forçada em um manicômio, a chantagem que sofreu da ex-mulher e o período que passou na cadeia, onde ele afirma ter vivido um uma experiência que o fez crer que Deus não o havia desamparado.
No julgamento, a Justiça invalidou os laudos particulares que Bianca Toledo encomendou para provar os supostos estupros cometidos por seu então marido por causa de seu teor parcial, e o Ministério Público produziu um parecer de 57 páginas para defendê-lo.
“Dia 12 de junho de 2016], Dia dos Namorados – que é o aniversário dela também – nós estávamos felizes, na igreja que eu era pastor presidente, fazendo apresentação de crianças, com o meu enteado junto, no meu braço, como sempre. Fazendo a santa ceia no culto, normal. Isso num domingo. Na terça-feira ela chegou [e disse] ‘olha, estou saindo de casa, estou indo para um hotel, porque você é gay, você é um pedófilo, você é um adorador de satanás, um satanista’. E no dia seguinte eu já acordei num hospital, e do hospital eu fui levado para uma clínica psiquiátrica e mantido em cárcere privado, dopado, amarrado e torturado por oito dias”, relembrou Felipe Heiderich, na matéria exibida pelo Fofocalizando.
Nos sete dias que passou na cadeia ele foi espancado, mas também diz ter vivido uma experiência inexplicável: “Me espancaram quando eu cheguei lá simplesmente porque eu não sabia o número do artigo que eu estava sendo preso. Eu não fazia ideia. Eu falei ‘acho que é porque me acusaram de estuprar uma criança’. Eles queriam o número do Código Penal. Eu não sabia que era 217. Fui espancado por causa disso”.
“Ali dentro, segunda coisa, foram tentar me filiar a uma facção criminosa. Eu consegui resistir, e fui chamado de neutro lá dentro. Aí o carcereiro me jogou numa cela, com outros presos, e disse ‘fiquem à vontade’. Me jogou nu na cela. ‘Fiquem à vontade, podem estuprar. Quem estuprar a gente não bate’. Sabe o que aconteceu? Isso não dá para explicar humanamente. Os presos dali, um tirou um chinelo e me deu. Um tirou uma blusa e me deu. Um tirou um shorts e me deu. E ficaram em silêncio”, contou, na ocasião.
“Eu perdi 25 quilos. Eu perdi tudo. Um grupo de pastores fez um abaixo-assinado pedindo que eu nunca mais pisasse numa igreja. Eu passei a vida inteira ensinando a Bíblia, eu abri uma igreja. E de repente, um grupo de pastores, por causa dela, disseram […] ‘você é uma vergonha para o Evangelho’. […] Quando a chuva parar de cair aqui no Rio de Janeiro, eu quero andar na rua, sem disfarce, com a cabeça erguida. É a coisa que eu mais quero. Porque meu nome tá limpo”, finalizou.