Desde que a TV Globo repercutiu uma investigação do Ministério Público sobre uma suposta lavagem de dinheiro que teria sido feita através da Igreja Universal do Reino de Deus, com verbas que teriam sido desviadas da prefeitura do Rio de Janeiro, a Record TV tem repercutido acusações feitas contra a família Marinho por doleiros presos no âmbito da Operação Lava-Jato.
No último domingo, 20 de setembro, o Domingo Espetacular veiculou uma matéria com o doleiro Claudio Barbosa, que fechou delação premiada em 2018 e agora cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro. Ele vem colaborando com a Justiça para identificar clientes do esquema ilegal de remessas de dinheiro ao exterior.
De acordo com informações do portal G1, Barbosa foi preso em março de 2017 no Uruguai e extraditado para o Brasil em dezembro do mesmo ano. Ele prestou depoimentos em investigações da Operação Lava-Jato ao juiz Marcelo Bretas, em processos que ajudaram na condenação do ex-governador Sérgio Cabral (MDB-RJ).
O doleiro, que também é conhecido pelo apelido de Tony, revelou detalhes das operações em dólares que fugiam da fiscalização das autoridades para os irmãos Marinho, herdeiros do Grupo Globo. Segundo ele, o esquema envolvia milhões de dólares que não foram declarados pelos empresários e também por políticos.
A lavagem de dinheiro solicitada por Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho era feita através do José Aleixo, ex-diretor financeiro do Grupo Globo, segundo o doleiro: “Eles não me chamavam para pedir R$10 mil. Eram sempre valores de US$ 200 mil a US$ 300 mil em reais. […] A cada dez dias eram US$ 300 mil”, disse Barbosa.
“Eu tinha que entregar para alguém o dinheiro. Esse dinheiro, por acaso, era do ex-diretor da Globo. Anteriormente, como falou Dario Messer, a gente entregava na Rede Globo”, detalhou o doleiro, que contou ainda que as remessas eram feitas em quantias altas, em dinheiro vivo e movimentava milhões todos os dias.
Ele exemplificou que existia um esquema de segurança para o transporte dos valores, envolvendo carros blindados e transportadoras de valores. Quando as quantias ficavam nas centenas de milhares de reais e precisavam ser entregues no centro do Rio de Janeiro, o esquema usava pessoas de confiança que carregavam até R$ 200 mil nas pernas, usando meias longas.
Ao longo de cinco anos, Claudio Barbosa estima ter movimentado entre US$ 15 e US$ 20 milhões de dólares. “No caso da Globo, específico, com certeza era na sala do Aleixo. Porque eu chego na portaria e tem que identificar. Então eu sempre mandava um garoto antes, um funcionário, para ele chegar na portaria e [falar] para o guarda ‘olha, tenho que entregar algo para o José Aleixo”, narrou o doleiro.
A Record TV afirmou que procurou a TV Globo para obter um posicionamento diante das acusações do doleiro, mas a emissora não respondeu aos contatos.