Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo advertiu os cristãos sobre a necessidade de não conformidade com os ideais do mundo. Ele orientou que através dos ensinos de Jesus os fiéis devem buscar transformar o que há de errado em sua geração, a fim de que Deus cumpra a Sua vontade, como está escrito no capítulo 12, verso 2:
“Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Apesar disso, algumas denominações na atualidade parecem ter um entendimento diferente deste ensino, buscando se moldar aos padrões vigentes no mundo contemporâneo, como sugere uma iniciativa da Igreja Evangélica Luterana da Islândia, a qual resolveu retratar um “Jesus trans” em nome da “diversidade”.
O suposto Jesus LGBT foi retratado em uma publicação em formato de desenho, onde a figura do Filho de Deus aparece de seios e barbas, saltando na frente de um arco-íris colorido, usado geralmente como símbolo do ativismo de gênero.
Segundo informações do Daily Mail, a publicação teve como objetivo promover uma campanha para o público infantil sobre a importância da Escola Dominical. Após a postagem feita no dia 11 desse mês, na página oficial da Igreja nas mídias sociais, a reação negativa dos fiéis fez com que o post fosse excluído posteriormente.
Em nota, a Igreja firmou: “A Assembleia da Igreja Nacional de 2020 lamenta que a imagem de Jesus em um anúncio da escola dominical tenha ferido as pessoas. O objetivo era enfatizar a diversidade, não machucar nem chocar as pessoas”.
Como é possível notar, entretanto, a denominação não considerou um erro a retratação do Jesus “trans”, mas apenas a repercussão causada pela imagem. Isto ficou mais evidente quando Pétur Georg Markan, representante da mídia da igreja, comentou a polêmica ao falar da imagem:
“Nesta, vemos um Jesus que tem seios e barba. Estamos tentando abraçar a sociedade como ela é. Temos todos os tipos de pessoas e precisamos nos treinar para falar sobre Jesus como sendo ‘todos os tipos’ neste contexto”, disse Markan ao expressar conformidade com o mundo atual.
“Principalmente porque é muito importante que cada pessoa se veja em Jesus e não estagnemos muito. Essa é a mensagem essencial. Então está tudo bem. Está tudo bem que Jesus tenha barba e seios”, disse ele.
Igreja em declínio
A Igreja Evangélica Luterana da Islândia está em declínio de confiança. É isto o que sugere uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup divulgada em 2019. O número de islandeses que confiam na denominação caiu pela metade desde a virada do século, segundo a Ruv.
Os dados de 2019 confirmaram a tendência revelada já em 2018, quando pesquisa do mesmo Instituto apontou que mais de 28% dos islandeses têm pouca ou nenhuma confiança na igreja nacional, enquanto 39% têm pouca confiança nela e apenas 3% têm total confiança na igreja nacional, e 10% total ou muita confiança, segundo o Mbl.Is.
Divorciada e mãe de três filhos, Agnes M. Sigurðardóttir, a primeira mulher eleita como líder da Igreja Nacional da Islândia, em 2012, afirmou no ano passado que a queda de confiança em sua denominação estaria relacionada à falta de ensino sobre o cristianismo nas escolas primárias do país.
“Eu, como outros na Igreja, estou apenas tentando fazer o melhor que podemos. E, claro, isso não é tudo o que estamos fazendo. Mostra apenas a ponta do iceberg, como dizem, mas é um sinal claro de que devemos olhar para o nosso próprio seio, tanto eu como bispa como todos os ministros da Igreja. Pelo menos há espaço para melhorias e isso é o que há de positivo nisso”, disse ela.