Uma atualização do hinário usado desde 1874 pelas Igrejas Presbiterianas dos Estados Unidos tem causado polêmica entre fiéis devido aos termos usados na substituição dos atuais. A última reforma no hinário presbiteriano aconteceu em 1990.
As principais críticas estão na suposta existência de heresias nos hinos, e o Comitê de Música da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos estuda alterações profundas nas letras.
Um exemplo de críticas é o hino “Jesus Walked This Lonesome Valley”, que em sua letra, diz que os fiéis devem andar sozinhos pelo vale, o que contradiria a afirmação dos Evangelhos que Jesus estaria sempre com seus seguidores. Outros críticos, mais moderados, dizem que as letras são “teologicamente questionáveis”.
Durante três anos e meio de discussões entre os membros do comitê, algumas músicas receberam sugestões de alteração, mas não foram aprovadas. Uma delas foi o hino “In Christ Alone” (Só em Cristo), que foi escrita por Keith Getty e Stuart Townend em 2001. O segundo verso diz que ‘Na cruz onde Jesus morreu / A ira de Deus foi satisfeita’. Com a revisão, a sugestão foi de adotar os termos ‘Na cruz onde Jesus morreu / O amor de Deus foi ampliado’.
Entretanto, o comitê não obteve autorização para mudar a letra, e assim, optou por deixar o hino de fora da nova edição do hinário presbiteriano.
O Professor Timothy George, diretor de Teologia da Universidade de Samford, afirma que usar artifícios de “liberalidade teológica” podem trazer graves consequências para a divulgação do Evangelho.
Segundo George, falar sobre a ira de Deus como um tabu em pregações ou hinos é uma maneira de estender uma antiga heresia do primeiro século: “Mostrar que Deus é só amor e apagar as menções ao inferno podem dar a impressão de que não há condenação”, argumenta. “No entanto, a justiça de Deus só poderia ser satisfeita pelo sacrifício expiatório de Cristo, que se revela tanto em ódio quanto em amor divino”.
Outro crítico das mudanças, o doutor Denny Burk, professor de estudos bíblicos na Universidade Boyce, constata que o liberalismo teológico é uma realidade das músicas cristãs contemporâneas, e as consequências disso são “profundas implicações teológicas”, segundo informações do site Prophecy News.
Blogueiros e colunistas de portais cristãos norte-americanos temem que aconteça com a Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos, o mesmo processo pelo qual passa a Igreja Episcopal Anglicana, que modificou seu hinário em 1982.
Na ocasião, foi banido o uso de termos masculinos para se referir a Deus como “Pai, Filho e Espírito Santo”, substituindo-os por palavras “inclusivas”, como “Criador” e “Redentor”, além de retirar termos tidos como militaristas, como “soldados” e “guerra”. Os formadores de opinião creditam a essas mudanças parte da crise pela qual a denominação Anglicana passa, com reconhecimento e ordenação de pastores gays e transgêneros.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+