Rodolfo Abrantes, 36, abandonou os Raimundos em 2001. Insatisfeito com sua vida nas drogas e com os rumos que a banda tomava, o ex-vocalista de um dos grupos de rock de maior sucesso no Brasil se tornou evangélico. Formou o Rodox em seguida e hoje cuida da carreira solo, dedicada inteiramente a Deus. Em virtude do show que realiza nesta sexta-feira (7), no Aramaçan, em Santo André, Rodolfo conversou com o Guia da Folha Online sobre essa fase que não é nova, mas um pouco desconhecida do público que o ouvia nas paradas de sucesso –a banda lançou seis discos e vendeu mais de 2,5 milhões de cópias.
Hoje, Rodolfo tem dois discos solo, lançados pelo selo da Bola de Neve Church, o Bola Music. Ao palco, ele sobe acompanhado dos melhores amigos, que têm a mesma proposta que ele, “levar a mensagem de Jesus para o mundo”: Anderson Kuehne (bateria), Víctor Pradella (guitarra) e Guilherme Horn (baixo).
Com abertura da banda The Enter Project e com show do pastor Catalau, ex-vocalista da banda Golpe de Estado – também ícone do rock nacional nos anos 1990–, o evento começa às 20h. Os ingressos custam R$ 10 mais 1 kg de alimento.
Folha – Depois que você se converteu, foi mais fácil parar com as drogas?
Rodolfo – Quando decidi viver de acordo com os mandamentos de Jesus, foi gerado em mim um desejo de mudar, de me livrar de hábitos e atitudes que me puxavam para trás. Aliada a esse desejo, existia a vontade de Deus de que eu me tornasse puro. Até que, num belo dia, no meio de um baseado, eu tive a certeza de que seria o último cigarro de maconha que eu colocaria na minha boca. Depois disso, nunca mais usei drogas.
Folha – Como é encontrar Deus? O que você sentiu na hora que te fez acreditar que tudo poderia mudar?
Rodolfo – Jesus disse que nos daria uma alegria completa, diferente da alegria que as coisas do mundo dão. Eu fui cheio dessa alegria e isso me deu esperanças e força pra fazer minha vida mudar.
Folha – Antes de se converter, você seguia alguma religião?
Rodolfo – Não, eu acreditava que Deus existia, mas nunca tinha O levado a sério.
Folha – O que te fazia infeliz nos Raimundos?
Rodolfo – As pessoas pensam que o Raimundos era tudo na minha vida, mas era só uma parte. Com certeza o que mais me incomodava era ter me tornado escravo de um personagem, do qual eu não conseguia me livrar. O tempo passa, as pessoas mudam e eu mudei. É muito desagradável ter que fingir ser uma coisa que você já não é mais, só para agradar os outros. Hoje, finalmente, eu sou livre.
Folha – Quando você deixou os Raimundos, o choque foi grande para os fãs, afinal vocês estavam no auge. Alguns deles chegaram a te procurar, a se comunicar com você?
Rodolfo – Volta e meia alguém me encontra na rua e toca no assunto, mais pra puxar conversa. Na boa, existem coisas muito mais importantes pra se preocupar do que o fato de um cara não querer mais estar onde ele estava.
Folha – Alguns de seus fãs da época do Raimundos ainda acompanham seu trabalho?
Rodolfo – Com certeza, pois sempre tem gente nas nossas apresentações que vem falar comigo dizendo que me acompanha desde o início.
Folha – Você, em algum momento, se arrependeu de ter saído da banda?
Rodolfo – Não, foi algo muito bem resolvido pra mim. E não voltaria por nenhum dinheiro neste mundo.
Folha – E o Rodox? Por que acabou?
Rodolfo – O Rodox acabou por falta de unidade. Eu queria ir pra um lado e a banda queria ir pra outro. Cada um foi pro seu. Musicalmente, eu acho o Rodox umas das bandas mais pesadas e corajosas que já apareceu por aí. Foi uma fase difícil pois as pessoas não entenderam o Rodox, mas a marca ficou.
Folha – Você se manteve fiel ao rock. Quais artistas são suas influências no rock?
Rodolfo – Na real, eu procuro ser fiel à Deus e ser livre para tocar o estilo que eu quiser. Minha maior influência é Jesus.
Folha – Você vive de música ainda ou tem outro trabalho paralelo?
Rodolfo – Financeiramente, da música, mas é Deus quem me sustenta.
Fonte: Folha / Gospel+
Via: O Verbo