O testemunho de David Frazier reúne algumas das principais mazelas sociais contemporâneas, como abuso sexual na infância, vício em drogas e tentativa de suicídio. Mas ele foi alcançado pelo Evangelho e sua vida, transformada.
Frazier, filho de pastor, esteve à beira do sucesso no rock com sua banda, Outspoken, e também em carreira solo. Mas a angústia que carregava consigo desde os seis anos de idade, quando foi molestado por um conhecido, o empurrou para o abuso de drogas como cocaína e crack.
“Tudo simplesmente mudou dentro de mim, foi um tipo de culpa que eu nem conseguiria dizer com palavras”, afirmou, lembrando do sentimento que carregava por conta do abuso. “Era como chegar ao limite de um oceano, prazeres, oportunidades”, acrescentou, em entrevista à emissora Christian Broadcasting Network (CBN).
Os vícios incluíam a pornografia, que o prejudicou em seu relacionamento com a família e com Deus, levando a perguntas recorrentes: “Por que isso está acontecendo? Por que me sinto assim? Por que me sinto tão bravo? Por que eu sinto tanto medo e porque me parece que estou sendo esmagado sob o peso da culpa?”.
O caminho do sucesso profissional parecia se desenhar logo após concluir o Ensino Médio, quando formou a banda Outspoken, lançou um álbum em 2003 e em pouco tempo fazia apresentações para milhares de pessoas.
“Essa foi a minha nova droga. Eu estava sendo adorado, sabia que quando eles me viam, iriam me perseguir pelos corredores. Adorava isso”, contou. A chance real de ser um rockstar se transformou em um aumento do uso de drogas e procura por sexo quando estava acompanhado, e no sentimento de solidão quando as luzes apagavam.
“Quando eu deixei a banda, ninguém estava lá para me elogiar e eu caí em profundo desespero. Eu ficava sentado no meio do meu apartamento em pura depressão e pensava: ‘Ei, eu tenho uma boa ideia. Vamos buscar algumas drogas. Isso me deixará bem'”, relembrou.
“Tudo o que eu estava vivendo era apenas comprar drogas para ficar alto”, lamentou. Em uma tentativa de retorno à banda, terminou sendo expulso, e os cinco anos seguintes foram marcados por uma trajetória aguda em direção à prisão das drogas: “Eu queria ficar lá porque voltar para a realidade era muito doloroso”, reconheceu.
Com várias tentativas frustradas de deixar as drogas, David Frazier buscou ajuda na fé, mas ficou refém de si mesmo: “Eu era uma concha vazia, sem esperança, sem propósito, sem sentido”, disse, lembrando que as dúvidas sobre sua existência sempre o cercavam.
Certo dia, ao sair para comprar drogas, terminou assaltado: “Eles me deixaram na rua e cortaram meus pneus. Fiquei ‘preso’, sem dinheiro”. Com algumas moedas que encontrou jogadas no carro, comprou uma garrafa de cerveja, e quando terminou de beber, quebrou-a para usar como arma e tirar a própria vida.
“Eu estava quase cometendo suicídio quando ouvi o Senhor falar comigo. Ele disse: ‘Saia do seu carro e ligue para a sua mãe, agora mesmo’. Era como se alguma coisa estivesse sobre mim e eu não tivesse escolha”, ressaltou. “Senti esperança pela primeira vez na minha vida e entendi o que era essa esperança. Era Jesus”, contou.
A ligação para a mãe resultou em ajuda imediata, pois seu irmão, Scott, foi busca-lo no local do assalto e no dia seguinte, sua família o internou em uma clínica de reabilitação. Lá, ainda apreciando a experiência sobrenatural com Deus, disse não ter sofrido com a abstinência, mas encarar a verdade também não foi fácil.
“Eu cheguei a cair, porque era difícil enfrentar o problema. Não era a droga, não era a pornografia. Não era a música. Era eu. Eu era o problema”, pontuou, lembrando dos dias que antecederam sua conversão ao Evangelho.
“Compreendi que Jesus era Deus, e que Ele morreu por mim. E eu entendi que Ele não era apenas o suficiente, ele era mais que suficiente. Em toda essa loucura, ele me procurou. Ele não me abandonou, e eu disse: ‘Eu posso adorar um Deus assim’. E entendi que o Deus que eu pensava que era, não era o Deus que Ele realmente é”, conceituou.
“Ele estava comigo todo o caminho”, resumiu. Toda essa trajetória de dor teve fim, David sentiu-se perdoado e livre dos vícios. Algum tempo depois ele conheceu Kim, que em 2009 viria ser sua esposa. Hoje, ele trabalha em um instituto e se dedica ao aconselhamento de homens que lutam contra vícios sexuais.