Fundada em 1800, quando os Estados Unidos ainda não eram uma potência econômica e militar como hoje, a Primeira Igreja Presbiteriana em Bellefonte, na Pensilvânia, encerrou oficialmente suas atividades por falta de membros.
Os poucos fiéis que restaram se dividiram entre participar da realização do último culto da congregação ou assisti-lo através das redes sociais, no dia 24 de dezembro.
O templo, de 4,5 mil m2, abrigava apenas 40 membros antes da pandemia de covid-19. Agora, a igreja havia se resumido a 25 membros, com apenas 12 comparecendo a cultos presencialmente.
“Existe esse tipo de amor entre esta congregação. Todos nós nos conhecemos há muito tempo e conhecemos os pontos fracos uns dos outros”, disse a anciã Candace Dannaker ao portal local The Center Daily Times.
“Vou sentir falta da nossa personalidade, do nosso riso e da nossa alegria apenas por estarmos juntos. E, é claro, o aspecto da fé em compartilhar isso com outras pessoas que pensam da mesma forma”, acrescentou Candace, que era membro da igreja há 34 anos, quando os cultos reuniam 200 pessoas.
Pam Benson, 77, que é membro da igreja há 73 anos, culpa o declínio de sua igreja pela mudança dos tempos. Na infância, explicou Benson, os negócios fechavam aos domingos e os pais insistiam em que os filhos fossem à igreja. A competição entre as igrejas por novos membros, ela lembrou, também não era tão feroz.
“Era tão diferente. […] A menos que você estivesse realmente doente, era exatamente o que você faria [num domingo]. É apenas uma mudança. É uma progressão. É o que acontece. Não que eu goste, mas é o que é”, lamentou Pam.
Muitos bancos permaneceram vazios no culto de véspera de Natal socialmente distante da congregação, transmitido pelo Facebook. Mas os adultos mais velhos presentes adoraram e celebraram o nascimento de Cristo antes de se despedirem.
“E a luz estilhaçou a escuridão. E a esperança é nossa mais uma vez. E essa luz nos chama para frente, lembrando o passado e caminhando com confiança para o futuro. E agora vão na paz de Cristo”, disseram os membros juntos enquanto acendiam velas antes do hino final.
Declínio
Dados da Pesquisa Nacional de Referência de Opinião Pública realizada pela empresa Pew Research Center de 29 de maio a 25 de agosto de 2021, com um grupo nacionalmente representativo de entrevistados, apontam que apenas 45% dos adultos dos EUA dizem que oram diariamente, em comparação com 58% da pesquisa feita em 2007 e 55% dos que disseram orar diariamente em 2014.
Embora os cristãos ainda sejam o maior grupo religioso dos Estados Unidos, agora esse grupo representa apenas 63% da população adulta no país, de acordo com informações do portal The Christian Post.
Quando o Pew Research Center começou a fazer pesquisas sobre a fé em 2007, os cristãos somavam 78%, contra 16% dos que se dizem sem filiação religiosa.
O estudo observou que o declínio no número de cristãos em todo o país se concentrou principalmente entre os entrevistados que se identificaram como protestantes. Seus números diminuíram 10% na última década e 4% nos últimos cinco anos.