A possibilidade de um evangélico ser indicado por Jair Bolsonaro (PSL) para o Supremo Tribunal Federal (STF) quando as vagas forem abertas vem gerando uma grande especulação sobre quais seriam os nomes que o presidente cogita.
Na grande mídia, o nome do juiz federal Marcelo Brêtas, evangélico e responsável pelos processos da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro é visto como um dos principais. Ele é membro da Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul e teria se tornado próximo de Bolsonaro, inclusive já tendo sido convidado para um coquetel pelo presidente.
A possibilidade da indicação de Brêtas, no entanto, não agradou alguns ministros do STF, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo. Os integrantes da Corte consideram que um juiz de primeiro grau, não seria bem-vindo, embora o atual presidente, Dias Toffoli, tenha sido reprovado em dois concursos para juiz antes de atuar como advogado do PT e ser indicado por Lula (PT).
O ministro que falou à Folha em anonimato afirmou que outros dois nomes evangélicos surgem como possibilidade para Bolsonaro: o atual advogado-geral da União, André Luiz Mendonça, um pastor presbiteriano, e Humberto Martins, que já é ministro no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e é membro da Igreja Adventista.
O nome de Martins, aliás, passou a ser citado de maneira mais enfática por conta de um encontro do ministro com o presidente na quinta-feira, 30 de maio, um dia antes de o presidente falar na indicação de um evangélico ao STF. O encontro dos dois foi acompanhado pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Um quarto nome que vem sendo cogitado é o do juiz federal William Douglas, que deve se tornar desembargador ainda em 2019, de acordo com informações do jornal O Globo.
Douglas é conhecido do grande público como autor do livro As 25 Leis Bíblicas do Sucesso (publicado em parceria com Rubens Teixeira e editado pela Sextante), além de O Poder dos 10 Mandamentos (Editora Mundo Cristão), Os 10 Mandamentos Para Uma Vida Melhor (Thomas Nelson Brasil) e A Receita de Jesus Para Uma Vida Mais Feliz (Thomas Nelson Brasil).
O portal GGN também aventou o nome do desembargador Victor Laus, recém-eleito presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele se reuniu com o presidente Bolsonaro na última terça-feira, 28 de maio. O magistrado, que não é de expor detalhes de sua vida particular, fez uma referência à sua fé no discurso de posse quando assumiu a presidência da 8ª Turma do TRF-4, em 2003: “Humildemente, pedimos a Deus que nos ilumine nessa nova tarefa […], a fim de que possamos ser, apenas e acima de tudo, um homem-juiz”.
Bolsonaro deverá indicar dois novos membros ao STF até 31 de dezembro de 2022: o primeiro, já em novembro de 2020, quando o ministro Celso de Mello, o atual membro mais antigo da Corte, será aposentado compulsoriamente por completar 75 anos de vida. Em julho de 2021 acontecerá o mesmo com Marco Aurélio Mello.
A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure), que reúne advogados, procuradores e juízes de diversas denominações, comentou a possibilidade manifestada pelo presidente e publicou nota declarando que não pretende “necessariamente” que um evangélico seja indicado para o Supremo, “a fim de influenciá-lo por sua condição de religioso”.
“O que pugnamos e almejamos, no STF e demais órgãos de cúpula do Poder Judiciário, é que tenhamos juízes que respeitem e se balizem pela Constituição Federal do nosso país, professem eles uma religião ou não, eximindo-se de aderir, sem a devida reflexão, a esta onda, pouco democrática, do ativismo judicial”, diz nota.