O podcast Inteligência Ltda recebeu o pastor Silas Malafaia para uma conversa sobre os temas que marcam a atuação do líder evangélico na vida pública, e mais uma vez ele confrontou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao longo da conversa com Rogério Vilela, o pastor recapitulou que há dois anos vem “chamando Alexandre de Moraes de ‘ditador da toga’”, acrescentando que sente que o ministro não reage às suas críticas porque sabe que seus argumentos são embasados.
“Se ele quiser, ele consegue [me calar]. Vai fazer? Ele não cala um monte de gente? Vai me calar? Por que razão? Por que razão vai me calar? Todas as vezes que eu falo de Alexandre de Moraes eu cito a Constituição. Eu não ofendo a honra dele. Eu não chamo ele de bandido, como eu vi vários chamarem. ‘Está ligado ao PCC’. Eu não entro nesse assunto”, pontuou Malafaia.
O pastor enfatizou que sabe que se suas críticas extrapolarem a atuação do ministro no STF, cometerá crime: “Eu chamo ele de ditador da toga e provo os artigos da Constituição que ele rasga. Todas as vezes que eu confronto Alexandre de Moraes, eu trago a prova. Porque, senão, eu cometo calúnia, difamação, injúria. E aí ele tem a caneta na mão, ele não respeita porcaria nenhuma mesmo, e vai mandar me prender”.
Prender pastor
Por outro lado, Malafaia considera que o ministro sabe que suas ações podem fugir ao controle, caso o retalie: “Vai levantar a ira de uma comunidade gigante, que são os evangélicos, contra ele? Eu acho que ele é um pouquinho inteligente. […] Não acho que ele tem medo de mim, não acho isso. Eu acho que ele respeita o que eu represento. Não é medo de mim. Isso é tolice”.
“E outra: qual é a minha incoerência? Há dois anos eu venho mostrando, cito a Constituição, e tudo que ele rasga. Artigo por artigo. Vai falar o quê? Igual eu fiz na Paulista. Fiz um histórico do que está acontecendo no país, mostrando dados, as decisões do STF, as decisões de Alexandre de Moraes. Um histórico. Fiz em Copacabana a mesma coisa: ‘Por quê eu chamo ele de ditador da toga?’. Por causa disso e disso, rasgou o artigo quinto, incisos quatro, seis, dezesseis, cinquenta e cinco; artigo 220, parágrafo 2°; rasgou o artigo 53; rasgou o artigo 129”, elencou.
Na visão de Malafaia, todo o caos jurídico no país e o desrespeito às leis, é causado pelos interesses particulares de um grupo: “Existe um consórcio: Alexandre de Moraes, Globo e governo Lula, de autoproteção. O senhor Alexandre de Moraes cancelou as multas milionárias que a Receita [Federal] aplicou à Globo, artistas e jornalistas. Tem reportagem. Pega aí na Folha de S. Paulo, na Veja. […] Você já viu a Globo falar mal, questionar Alexandre de Moraes? […] Está tudo armado”.
O papel do atual presidente, neste cenário, seria garantir o financiamento da mídia: “O Lula é verba. Bolsonaro secou [a fonte de receita da Globo]. Você sabe quanto os governos petistas deram para a Globo, quando eles estavam no governo? R$ 6,2 bilhões. Só para a Globo. Fora a GloboNews, Rádio Globo, jornal O Globo”.
‘Não tenho medo de ser preso’
Os adversários de Malafaia, na visão que o próprio pastor tem do cenário, se negam a reagirem de maneira agressiva contra ele porque sabem que ele se tornaria símbolo de uma resistência à tirania: “Por quê é difícil me combater? Cadeia para mim é prêmio. Não tenho medo de ser preso. Caraca, vou virar mártir. Vou virar herói do povo evangélico brasileiro. Meu irmão, para mim é prêmio, cara”.
“A pior coisa é lidar com um cara que não tem medo. Enquanto nego se borra, eu não tenho medo. Vai me prender? Eu já disse para o meu advogado, doutor Jorge Vacite – é um irmão nosso – ‘se me prenderem você está proibido de entrar com habeas corpus’. Me deixa lá, vamos ver o que vai dar. Se me prenderem, tem um videozinho meu pronto. […] Depois que tu é preso, qual é o direito que você tem de falar?”, argumentou.
Nesse vídeo, mantido guardado com diferentes pessoas de confiança, Malafaia diz contar coisas que nunca falou publicamente sobre os bastidores do poder: “É [para] me precaver. É um direito que eu tenho […] É um pau que eu nunca dei, até hoje”, encerrou.