“Iowa has spoken”. Essa frase em inglês é uma das mais emblemáticas nas disputas eleitorais para presidente dos Estados Unidos, pois na maioria das vezes, um pré-candidato que vence a prévia no estado de Iowa, consegue a indicação de seu partido para enfrentar o adversário nas urnas. E no discurso de vitória da primeira prévia, o vencedor sempre a cita.
Na última segunda-feira, 01 de fevereiro, Iowa decidiu que o candidato do Partido Republicano deve ser Ted Cruz, cristão que é senador pelo Texas. Com 28% dos votos dos representantes do povo, o texano superou o líder das pesquisas nacionais, Donald Trump, que somou 24% dos votos, e também o senador pela Flórida, Marco Rubio, com 23%.
Pelos lados do Partido Democrata, os dois nomes na disputa terminaram tecnicamente empatados, com vitória da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela obteve 49,9% dos votos, contra 49,4% de Bernie Sanders, senador pelo estado de Vermont, segundo a CNN.
A decisão sobre quem será o candidato Republicano, assim como o Democrata, só sairá após um dos pré-candidatos obter maioria das indicações dos 50 estados. Por lá, as eleições são diferentes do Brasil, e para um político ser candidato à presidência da República, ele precisa de indicação popular, mesmo que essa seja indireta.
Candidatos cristãos
No dia 08 de novembro, os vencedores das prévias nos partidos Republicano e Democrata se enfrentarão nas urnas, e o vencedor substituirá Barack Obama. O bilionário Donald Trump, figura polêmica e odiado pela mídia, tem forte apoio popular e, mesmo com a derrota em Iowa, tem grandes chances de vencer a indicação.
Trump se declara cristão, mesmo com seu estilo controverso e discursos permeados de palavrões. O texano Ted Cruz é quem mais pode ameaçá-lo, porém, a mídia também não demonstra empolgação com essa possibilidade, por considerá-lo “fundamentalista religioso” e “ultraconservador”.
Cruz, que tem ascendência cubana, é membro de uma Igreja Batista filiada à Convenção do Sul, e tem postura contrária à união de pessoas do mesmo sexo e ao aborto. Em 2015, protagonizou um debate público com a atriz homossexual Ellen Page sobre os direitos ao público LGBT, e ganhou a admiração de muitos cristãos no país por defender o direito à liberdade de crença e culto, assim como os ativistas gays pregam seu direito à escolha sexual.
De acordo com o Christian Post, a vitória de Cruz em Iowa pode ter sido alcançada após um discurso feito no final de 2015, durante um culto em uma igreja evangélica do estado.
“Se a gente despertar e energizar o corpo de Cristo – se os cristãos e as pessoas de fé saírem e votar em nossos valores – vamos ganhar e vamos transformar o país a partir deles”, disse Cruz.
O pré-candidato pediu que os cristãos norte-americanos se unam em oração para que os valores e princípios de seu país sejam resgatados: “Estamos trabalhando para ter um pastor principal em cada um dos 99 condados de Iowa, 99 pastores deverão organizar outros pastores. Nós estamos fazendo a mesma coisa na Carolina do Sul com uma organização de pastores em 46 municípios para motivar e organizar outros pastores. Eu quero dizer a todos para ficarem prontos, se revistam de toda a armadura de Deus, preparem-se para os ataques que são por vir”, pediu.
Marco Rubio, escolhido pela mídia como “menos pior”, por ser mais aberto ao diálogo e menos afeito a declarações extremas como as de Trump, também tem deixado claro que sua fé cristã, de orientação católica, irá influenciá-lo na forma como governará o país caso seja eleito.
“Se você não entende que nossos valores judaico-cristãos são umas das razões pelas quais a América é tão especial, você não entende a nossa história”, afirmou o pré-candidato, explicando o motivo de os Estados Unidos terem as características que têm em sua cultura e política.
“Por que somos um dos povos mais generosos do mundo? Melhor dizendo, o povo mais generoso do mundo. Por que os americanos doam milhões de dólares à caridade? Não é por causa da redução no imposto de renda. É porque nesta nação somos influenciados por valores judaico-cristãos que nos ensinam a cuidar dos menos afortunados, estender a mão ao necessitado, amar o nosso semelhante. Foi isso que tornou nossa nação tão especial”, pontuou.
De origem mexicana, o senador pela Flórida frisou o tamanho da influência que a fé tem em sua vida: “Devemos desejar que o próximo presidente seja uma pessoa influenciada por sua fé. Porque se a fé faz com que você se importe com o necessitado, é de se esperar que nossos líderes a tenham. E quando eu for presidente, eu lhe garanto, minha fé não só influenciará o modo como governarei como presidente, mas influenciará o modo como viverei minha vida. Porque no final, meu objetivo não é somente viver na terra por 80 anos, mas viver na Eternidade com o meu Criador. E sempre permitirei que minha fé influencie tudo aquilo que eu fizer”, concluiu.