Tia Eron (PRB-BA) está, definitivamente, sob o escrutínio público por ter nas mãos, o voto que pode impulsionar a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em Brasília, diz-se que o voto da parlamentar será decidido pelo presidente do seu partido, o bispo Marcos Pereira (PRB-SP), ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
“A atuação dela sempre foi vinculada à Igreja Universal. O voto não é dela, é do Marcos Pereira. O que ele mandar, ela vai fazer. Por ela, ela não votaria a favor de Cunha, mas a informação é que o Marcos Pereira entrou nisso”, disse uma liderança política baiana, de acordo com informações do jornal O Globo.
Esses rumores teriam causado um racha na bancada do PRB na Câmara, conforme relataram os jornalistas Vera Magalhães e Severino Motta na coluna Radar Online, da Veja: “De um lado, os principais candidatos do partido nas eleições municipais, Celso Russomano e Marcelo Crivella, temem que suas candidaturas sejam prejudicadas caso a deputada baiana seja a responsável pelo voto que salvará Cunha no Conselho de Ética. De outro, o presidente nacional do partido, o bispo e ministro do Desenvolvimento Marcos Pereira, pressiona a deputada para votar contra a cassação do peemedebista, a despeito da repercussão junto à opinião pública. Pereira reproduz a pressão que sofre do Palácio do Planalto: ministros como Geddel Vieira Lima operam nos bastidores para salvar Cunha, temerosos do estrago que o deputado pode causar ao governo Michel Temer uma vez derrotado”, noticiaram os jornalistas.
No entanto, Pereira negou interferência na forma como Tia Eron irá votar: “Ela tem liberdade para votar com a consciência dela. Eu não interferi, não pedi, não conversei com ela. O presidente em exercício do partido, senador Eduardo Lopes [RJ], também não o fez e não fará, porque nossos deputados têm total liberdade para agir conforme sua consciência”, declarou o ministro, segundo informações da Agência Brasil.
A carreira política de Tia Eron está ligada à sua atuação nos projetos sociais da denominação do bispo Edir Macedo. Aos 44 anos, Eronildes Carvalho é viúva há mais de dez e mãe de quatro filhos, e após quatro mandatos como vereadora de Salvador, foi eleita em 2014 para a Câmara dos Deputados, com a bandeira da defesa dos direitos da mulher e da igualdade racial.