Na última terça-feira, 12 de outubro, o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes fez um discurso durante a missa e aproveitou o púlpito para expor seu posicionamento político, fazendo um trocadilho: “Pátria amada não pode ser pátria armada”.
A declaração do religioso foi repercutida em diversos veículos de imprensa por ter sido entendida como uma provocação ao presidente Jair Bolsonaro, que mais tarde no mesmo dia visitaria a Basílica para participar de uma missa.
Bolsonaro, capitão da reserva do Exército, foi eleito para o mandato defendendo o direito dos brasileiros possuírem armas de fogo para defesa pessoal, e desde o início de seu mandato, tem atuado para flexibilizar as regras que dificultam o acesso dos cidadãos à posse legalizada.
Já o arcebispo é conhecido por seu alinhamento à teologia da libertação, conhecida por ser uma doutrina alinhada à ideologia de esquerda. Em 2019, Brandes criticou o movimento conservador, e foi confrontado pela ministra Damares Alves e o pastor Silas Malafaia.
Agora, o jornalista Alexandre Garcia, católico, reprovou a declaração espalhafatosa do arcebispo Brandes, questionando se não é esse tipo de desvio de propósito da Igreja Católica que tem afastado fiéis.
“O arcebispo de Aparecida fez um jogo de palavras, um trocadilho. Ficou bonitinho. Ele disse ‘pátria amada não é pátria armada’. Aí deu manchete. ‘Olha, criticou o presidente’, como se o presidente estivesse lá”, introduziu, no vídeo publicado em seu canal no YouTube.
Referendo das armas
Alexandre Garcia pontuou que o posicionamento de Brandes é legítimo, embora contrário ao da maioria: “Não, ele não criticou o presidente. Sabe quem ele criticou? 109 milhões de brasileiros, que no referendo de 2005 deram 64% dos votos a favor das armas. 33 milhões foram contra. 109 milhões de brasileiros, senhor eminente arcebispo”.
“Não sei se o senhor lembra, os quatro evangelistas, todos relataram, um deu nomes. Foi Simão Pedro, quando os sacerdotes chegaram com a guarda romana para prender Jesus, ele desembainhou a espada e cortou a orelha de um dos guardas. Tem até o nome do guarda no evangelho. Malco. Tinha um protetor de Jesus, Simão Pedro, armado”, argumentou o jornalista.
O principal templo católico do país, que recebe milhões de visitantes anualmente, já foi palco de atos de intolerância religiosa, que cobraram ação enérgica para proteção do patrimônio da Basílica, relembrou Alexandre Garcia:
“Fico me perguntando, será que lá na Basílica… acho que foi em 1976, entrou um maluco lá e quebrou a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Será que não tem guarda armado? Será que as pessoas que são contra as armas não usam guardas armados nas suas empresas, et cetera?”, questionou.
“É só para a gente lembrar que quando perguntaram para o país, 64% dos eleitores disseram ‘sim’ às armas, porque elas significam segurança. Foi um trocadilho bonitinho que o arcebispo fez, mas contrariou a maioria dos brasileiros. Será que contribuiu para mais êxodo da religião católica, essas coisas assim? Se tivesse falado do Evangelho, ficaria melhor”, finalizou o jornalista.