O governo da Turquia decidiu transformar uma antiga igreja em uma mesquita, e diante das críticas, o porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdoğan convidou o papa Francisco para visitar o templo agora convertido em muçulmano.
A Igreja Hagia Sophia, que vinha sendo usada como um museu da história religiosa da Turquia, foi convertida numa mesquita. Diversos líderes internacionais criticaram a decisão, afirmando que o gesto promove desconfiança em relação à postura do país sobre o respeito à liberdade religiosa.
Um dos que falaram de forma mais contundente foi o pontífice católico, que afirmou ter ficado “muito entristecido” com a situação, já que o templo construído em homenagem à Divina Sabedoria é parte da história do cristianismo na Turquia. “Meu pensamento vai a Istambul. Penso em Hagia Sophia. Estou muito aflito”, declarou Francisco, de acordo com informações da Agence France-Presse.
Em resposta, o porta-voz do governo turco, Ibrahim Kalin, disse que as imagens de figuras cristãs pintadas no templo serão preservadas “intocadas”, sendo cobertas nos momentos de orações muçulmanas, e convidou o papa a visitar a edificação em sua nova função, durante uma entrevista à emissora CNN.
Kalin emendou que o líder católico não deveria se entristecer com a mudança, uma vez que o templo “foi transformado em uma casa de culto onde o nome de Deus será invocado”.
Inaugurada em 537 pelo Império Bizantino, durante o governo de Justiniano, a catedral serviu como templo cristão até 1453, quando foi convertida em mesquita durante a conquista de Constantinopla, que posteriormente se chamaria Istambul, pelos otomanos, depois foi transformado em museu, em 1934. Em 1985 o templo foi declarado patrimônio mundial cultural pela Unesco.
Religião Mundial
Em fevereiro de 2019, um acordo assinado pelo papa Francisco com o imã Ahmed al-Tayeb, chamado de “pacto de fraternidade religiosa”, foi anunciado em Abu Dhabi, com grande silêncio por parte da grande mídia.
Al-Tayeb é considerado o mais importante imã do islamismo entre os sunitas. Ele surgiu no encontro ao lado do líder católico “de mãos dadas em um símbolo de fraternidade inter-religiosa”.
A título de combater a intolerância e integração entre os povos, a aliança foi vista pelo escritor Michael Snyder algo além de uma simples cerimônia para católicos e muçulmanos, já que se tratam das duas maiores religiões em número de fiéis ao redor do mundo.
Para Snyder, esse foi o primeiro passo para inspirar a “audiência global de líderes religiosos do cristianismo, islamismo, judaísmo e outras religiões” a formarem uma espécie de religião mundial: “Em outras palavras, houve um esforço conjunto para garantir que todas as religiões do mundo estivessem representadas nesse encontro”.
As conclusões do escritor foram formadas a partir da observação de indícios que corroboram essa visão: o site oficial do Vaticano informou na ocasião que uma preparação minuciosa foi feita para a elaboração do texto do pacto, que incentiva adeptos de todas as religiões a “apertar as mãos, abraçar um ao outro, beijar uns aos outros e até fazer preces” uns com os outros.
“O documento, assinado pelo papa Francisco e pelo grande imã de al-Azhar, Ahmed el-Tayeb, foi preparado ‘com muita reflexão e oração’, disse o papa. O único grande perigo neste momento, continuou ele, é ‘destruição, guerra, ódio entre nós’”, destacou a Santa Sé, que adjetivou o pacto como “um documento nascido da fé em Deus”.