O último sábado, 29 de agosto, foi marcado por uma mobilização nacional de oração em Uganda convocada pelo presidente, para que o país derrote a pandemia do novo coronavírus.
Yoweri Museveni pediu à população que apresentassem a nação em oração e pedissem proteção de Deus a todos os compatriotas contra a covid-19.
“Um certo ugandense veio até mim e me disse que Deus havia dito a ele em uma visão que eu deveria organizar orações nacionais para que Deus nos libertasse de Covid-19. Portanto, pelos poderes conferidos ao presidente […] Eu declaro o dia 29 de agosto de 2020 um dia de orações nacionais e feriado. Permaneçam em suas casas ou apartamentos e orem”, escreveu o presidente no Twitter.
De acordo com informações do portal Irish Times, Uganda enfrentou um confinamento severo para tentar conter a pandemia do novo coronavírus, mas agora, a medida já não surte mais efeito e o número de infectados superou três mil pessoas.
Museveni – que é evangélico e está no poder desde os anos 1980 – deve ser reeleito no início de 2021, tem enfrentado críticas por seu distanciamento das prioridades das pessoas, que lutam para sobreviver desde que as restrições de confinamento os privaram de suas fontes de renda.
O presidente proibiu a distribuição de alimentos em ações sociais, dizendo que políticos “oportunistas” seriam acusados de “tentativa de homicídio” se tentassem ajudar a população dessa forma. Posteriormente, ele publicou fotos de si mesmo pesando uma refeição preparada por sua equipe, dizendo aos cidadãos para limitar a quantidade de alimentos que comem e não consumir “com desperdício”.
Ao mesmo tempo, o presidente acredita que através da oração seja possível vencer a pandemia. Ao longo do sábado, um culto de quase três horas foi transmitido pela emissora de TV estatal, com presença da ministra da saúde, Jane Aceng: “Com certeza isso mostra que somos uma nação comprometida com o Senhor. […] O Senhor tem sido bom, muito bom, e queremos agradecê-lo por ser bom para nós. Perdemos 28 pessoas, não perdemos a batalha”, comentou a ministra ao longo da celebração.
Em Uganda, que enfrentou guerras civis por muitos anos, 84% da população é cristã, enquanto 14% se declara muçulmana. Assim como no Brasil e diversos outros países, as celebrações religiosas, como cultos, missas e reuniões nas mesquitas foram suspensas por conta da pandemia, desde março, assim como as escolas.
“Estou com saudades”, disse Linda Adong, uma cristã de 23 anos que ganha o sustento vendendo bananas. “Sinto falta de louvar ao Senhor com os outros. E estudos bíblicos. Eu ia três vezes por semana”, relembrou, acrescentando que acredita que não será infectada pelo novo coronavirus: “Não tenho medo porque Deus está lá”.
A reportagem do portal irlandês também conversou com um pregador de rua e ouviu dele uma perspectiva negativa: “Deus disse que chegará a hora em que 10 mil pessoas morrerão. Você deveria começar a orar”, afirmou Rwot Oyoro, da Igreja do Salvador Vivo.