Novos detalhes secundários à investigação da morte do pastor Anderson do Carmo indicam a hipótese de que um filho da deputada Flordelis (PSD-RJ) estaria efetuando desvios dos dízimos e ofertas da igreja que levava seu nome para quitar despesas da família.
O relatório final do inquérito pontua que Flordelis sabia que parte do dinheiro arrecadado na igreja, à época chamada Ministério Flordelis, estava sendo desviado por André Luiz de Oliveira, apelidado de “Bigode”, para pagar as despesas do convênio médico da família.
De acordo com informações da revista Veja, um diálogo entre Flordelis e “Bigode” (que seria um filho afetivo da deputada, já que a adoção não foi concluída formalmente na Justiça) mostra a intenção do segundo em tirar dinheiro do caixa da igreja, agora chamada Comunidade Evangélica Cidade do Fogo, para custear as despesas médicas.
O empecilho seria justamente a figura de Anderson do Carmo, que teria postura rígida em relação à administração das quantias arrecadadas pela igreja e, separadamente, pela deputada. Em resposta, Flordelis teria feito menção à impossibilidade de se divorciar: “Fazer mais o quê? Se separar eu não posso porque não posso escandalizar o nome de Deus. Isso não”.
André “Bigode” atuava como tesoureiro da igreja e, paralelamente, atuava como secretário parlamentar do gabinete da mãe desde agosto de 2019, ou seja, dois meses após a morte de Anderson, o que vem levantando questionamentos sobre a prática de nepotismo.
O salário oficial de “Bigode” era de R$ 15.698,32, mas interceptações telefônicas realizadas pelo Ministério Público e equipe de investigadores da Polícia Civil, havia a prática de “rachadinha” com a mãe, em um repasse mensal de mais de R$ 11 mil. Ele é um dos nove suspeitos que foram presos pela Polícia no dia 24 de agosto na Operação Lucas 12.
A mudança de nome da igreja, de Ministério Flordelis para Comunidade Evangélica Cidade do Fogo, é uma das medidas tomadas para conter o êxodo de fiéis que deixaram, gradualmente, de participar dos cultos desde a morte do pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019. Esse movimento foi potencializado desde que dois dos filhos do casal, o vereador Wagner de Andrade Pimenta, conhecido como Misael, e Luan Santos, ambos pastores da igreja, decidiram deixar o ministério, fundado em 1999.