O ex-médico Kermit Gosnell, recém-condenado nos Estados Unidos a três penas de prisão perpétua por ter assassinado três bebês cortando suas medulas espinhais, concedeu recentemente uma entrevista na qual afirma ser “espiritualmente inocente” dos crimes pelos quais foi condenado e acusando a igreja católica por sua condenação.
Na prisão, Gosnell afirma usar se tempo livre para ler a Bíblia, se exercitar e aperfeiçoar seu espanhol.
Falando pela primeira vez desde seu julgamento, em maio, que o considerou culpado de assassinato em primeiro grau de três recém-nascidos e pelo homicídio involuntário de um de seus pacientes, Gosnell concedeu entrevista ao repórter Steve Volt, da Filadélfia Magazine. Durante a entrevista ele afirmou que, embora acreditar que o aborto não é ideal, é um “pecado maior” entregar uma criança para um mundo empobrecido, onde não existem condições ideais para recebê-la.
– Eu considerava estar em uma guerra contra a pobreza, e me sinto confortável com as coisas que eu fiz e as decisões que tomei – afirmou o ex-médico, que se classifica como “um soldado em uma guerra contra a pobreza”, e diz que apenas “em um mundo ideal” o aborto não seria necessário.
De acordo com relato do WDN, Gosnell, de 72 anos de idade, administrava uma clínica de aborto na Filadélfia intitulada “Centro Médico da Mulher”, local que foi apelidado de “Casa dos Horrores” depois que agentes do FBI invadiram suas instalações, em 2010, à procura de evidências de tráfico de medicamentos controlados. Porém, o que encontraram foi sangue no chão, cheiro de urina e freezers cheios de sacos com restos mortais dos bebês.
O apelido “Casa dos Horrores” foi dado à clinica pelo promotor do Estado que cuidou do caso. Segundo ele foram encontrados restos de 45 fetos dentro da clínica, classificada como imunda, além de equipamentos cirúrgicos insalubres e até mesmo pés de alguns dos fetos armazenados em frascos.
Ao longo do julgamento, ex-funcionários e ex-pacientes da clínica de abortos de Gosnell relataram os horrores vistos e vividos no local. Ashley Baldwin foi uma das pessoas a contar sobre o que acontecia na clínica. Ex-funcionária de Gosnell ela afirma que o ex-médico cortou o pescoço de muitos bebês que poderiam ter vivido. Outro funcionário afirmou que era um procedimento padrão cortar a coluna vertebral em todos os casos.
Marie Smith, uma das pacientes de Gosnell, conta que quase morreu em decorrência de um aborto mal feito.
– Ele [Gosnell] deixou um braço e uma perna dentro de mim. Eu quase morri. Eu achava que sabia o que estava fazendo, mas eu acho que eu estava errada – afirmou Smith.
Após a entrevista, o repórter Steve Volk disse o ex-abortista é “inteligente” e “carismático” e afirma que ele não é um “monstro”.
– Ele acredita ser inocente… neste sentido espiritual maior. Ele acredita que estava realizando um serviço para as pessoas e que era um soldado em guerra com a pobreza – afirmou o jornalista, relatando ainda que Gosnell “se vê como tendo realizado uma função nobre na sociedade”.
Sobre sua condenação, Gosnell afirma que sua pena foi agravada por convicções religiosas.
– Você sabia que Seth [Williams, promotor da Filadélfia] era coroinha? Você sabia da forte presença católica na divisão de homicídios? – argumentou.
Por Dan Martins, para o Gospel+