Na região Sul do país, o acordeom guia os ritmos conhecidos como vanerão, fandango, chamamé, milonga, etc. Apesar de toda a tradição, que explora o instrumento e agrega valor aos pilchados – pessoas com vestimentas típicas -, as igrejas da região, assim como em outros locais do país, achavam polêmico o uso desta cultura na adoração. Isso aconteceu até o momento em que foram surpreendidos pelo som do grupo Chama Missioneira, que, atualmente, conta com dez anos de carreira.
Segundo o músico Levi Fernandes, o Chama Missioneira (foto acima) foi pioneiro em levar para as igrejas a cultura gauchesca. Ele conta que a idéia foi do já falecido irmão Roberto Eloy que, antes da conversão, se apresentava nos centros culturais locais. Assim que conheceu o Evangelho, Eloy percebeu que sua missão seria explorar sua música para levar as mensagens bíblicas a locais nunca antes alcançados.
”Além das igrejas, já tocamos em cerimônias públicas por causa do nosso estilo. Tocamos música gaúcha e nos vestimos com roupas típicas nas apresentações e isso nos deu uma maior abertura”, diz Levi Fernandes, que assumiu o legado de Roberto.
Os convites foram tantos que há seis anos ficou impraticável assumir todos os compromissos. A Chama incendiou outros corações e mais grupos evangélicos começaram a despertar para a música regional. Um exemplo disso foi a banda Opus Dei, considerada pelo próprio Fernandes como uma das melhores do ramo.
Assim como os missioneiros, a Opus se apresenta com os trajes gaúchos, mas possuem mais trabalhos gravados, oito álbuns contra um dos missioneiros. O Opus Dei foi fundado por Paulo Roberto e seus irmãos após a cura de sua mãe, atribuída por ele a um milagre de Deus. “Nesse momento vi que nada mais importava além da vida eterna. Então, tivemos coragem para deixar nossos empregos e seguir o ministério”, afirma o líder e contra-baixista da banda.
Segundo Paulo, ficou bem melhor evangelizar quando a banda – que antes tocava pop – percebeu o alcance do louvor regional. “Promovemos nas cidades o Show da Paz e percebemos que 70% das pessoas presentes não são evangélicas”, lembra. Após o boom do gauchesco, as portas se escancararam para a banda, que passou a contar com mais convites e parcerias com rádios, emissoras de TV e outros veículos de comunicação.
Para Edson Doneff Tammerik, pastor de música da Primeira Igreja Batista em Porto Alegre, a contextualização cultural é imprescindível na adoração. “Todos nós precisamos ver na Bíblia que o povo judeu usava sua cultura, seus instrumentos musicais e seu estilo musical tanto para suas festas como também para seus cultos. Isto está na Bíblia”, ressalta. Ele defende a idéia de que não existe música secular ou cristã, mas sim “propósitos e vidas envolvidas na apresentação destas músicas”.
Tammerik acredita que, desde que a igreja aceite ou existam músicos preparados para isso, as músicas cantadas nas igrejas podem ser adaptadas à cultura local. “Cantamos [PIB em Porto Alegre], às vezes, “Barnabé” (Guilherme Kerr e Jorge Rehder) que já tem um estilo regional do interior e a adaptamos num estilo gauchesco. Às vezes cantamos hinos tradicionais em ritmos brasileiros (Só o poder de Deus, Temos por lutas passado e etc…) a igreja canta e aceita sem problemas”, diz. Apesar disso, Edson sabe que esta aceitação é variável de uma igreja para outra.
Chama Missioneira
Tel: (51) 8154 7325 / (51) 3035 7432
Opus Dei
Tel: (55) 3528-1465 ou (55) 37813147
Fonte: Elnet