O Vaticano proibiu seus sacerdotes de celebrarem cerimônias de união de pessoas do mesmo sexo, e argumentou que “Deus não pode abençoar o pecado”, em uma das manifestações mais duras contra a homossexualidade desde o início do pontificado de Francisco.
Na última segunda-feira, 15 de março, a Igreja Católica anunciou que não abençoará as uniões de pessoas do mesmo sexo. O escritório ortodoxo do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé, emitiu uma resposta formal a uma pergunta sobre se o clero católico tem autoridade para abençoar as uniões gays.
A resposta, contida em uma explicação de duas páginas publicada em sete idiomas e aprovada pelo papa Francisco, foi “negativa”, de acordo com informações da agência Associated Press.
O documento fez questão de distinguir as boas-vindas à presença dos homossexuais nas missas, da hipótese pleiteada pela militância LGBT de bênção ao casamento gay.
A nota argumentou ainda que tais uniões não fazem parte do plano de Deus e que qualquer reconhecimento sacramental delas poderia ser confundido com casamento.
Repercussão positiva
Dentre os cristãos biblicamente conservadores, a nota foi recebida com satisfação imediata. Já entre os defensores da militância LGBT entre os católicos, em especial na Alemanha – que tem sido uma espécie de “vanguarda progressista” entre os fiéis da igreja romana – houve bastante queixas e sinais de rebeldia.
Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, que defende uma maior aceitação dos gays na igreja, previu que a posição do Vaticano seria ignorada, inclusive por alguns clérigos católicos.
“Os católicos reconhecem a santidade do amor entre casais comprometidos do mesmo sexo e reconhecem esse amor como divinamente inspirado e divinamente apoiado e, portanto, cumpre o padrão para ser abençoado”, disse DeBernardo.
A postura do Vaticano sobre o tratamento aos homossexuais permanece a mesma: trata-los com respeito e dignidade, sem deixar de sublinhar que o sexo gay é “intrinsecamente desordenado”. O ensino católico diz que o casamento é uma união vitalícia entre um homem e uma mulher, faz parte do plano de Deus e tem como objetivo a criação de uma nova vida.
Nesse contexto, as uniões gays não têm a intenção de fazer parte desse plano, e por isso não podem ser abençoadas pela igreja, disse o documento: “A presença em tais relações de elementos positivos, que por si só devem ser valorizados e apreciados, não pode justificar essas relações e torná-las objetos legítimos de uma bênção eclesial, uma vez que os elementos positivos existem no contexto de uma união não ordenada ao plano do Criador plano”.
Franklin Graham elogia
No Twitter, o pastor e evangelista Franklin Graham saudou o posicionamento firme dos católicos sobre o tema: “O Vaticano emitiu uma declaração proibindo a bênção de uniões do mesmo sexo porque ‘[Deus] não abençoa e não pode abençoar o pecado’. Eles estão certos. Os gays merecem respeito e dignidade como todos, mas não podemos tolerar ações contrárias aos ensinamentos da Palavra de Deus, escreveu.
“O casamento é definido como uma união diante de Deus entre um homem e uma mulher nas Escrituras, começando no Jardim do Éden: ‘Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’ (Gênesis 2:24). Espero que toda igreja veja o perigo em afirmar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e abençoar o que Deus definiu como pecado”, acrescentou.
Marriage is defined as a union before God between a man and a woman in Scripture, beginning in the Garden of Eden: “Therefore a man shall leave his father and mother and be joined to his wife, and they shall become one flesh” (Genesis 2:24).
— Franklin Graham (@Franklin_Graham) March 15, 2021