A formação de pastores evangélicos e o trabalho de alguns deles em tempo integral em suas igrejas foi tema alvo de uma matéria publicada na última semana pela revista Veja. No texto, escrito pelo jornalista João Batista Jr., as igrejas evangélicas são encaradas como formas de negócio, e descritas como meios para arrecadação de dinheiro.
Segundo a revista o texto foi inspirado pela Escola de Líderes da Associação Vitória em Cristo (Eslavec), evento promovido pela igreja liderada pelo pastor Silas Malafaia. O texto explica que o repórter da revista teria participado dos cursos de forma anônima, para explicitar o que acontece no curso, que o jornalista chama de “curso de formação de mão de obra evangélica”.
Durante todo o texto as igrejas são descritas como negócios, e seus líderes chegam a ser citados pelo jornalista como sendo seus donos. O jornalista afirma que assistiu às palestras da Eslavec e teceu uma série de comentários pelos quais as igrejas são descritas como verdadeiros grupos empresariais.
Em um trecho da matéria o jornalista afirma que entre as palestras do evento “uma espécie de supermercado da fé tomava conta do local, com anúncios de descontos em livros, DVDs e CDs evangélicos”.
A matéria citou também um momento de oração feito pelos participantes do encontro, que foi incentivado pelo pastor norte americano T.D. Jakes, da Potter’s House, de Dallas, afirmando que na hora em que as pessoas iniciaram suas orações nos hotéis o ambiente ficou parecido com o que ele chama de uma “rave de Jesus”.
Citando uma fala de Malafaia, na qual ele disse que poucos pastores que estão em ação são verdadeiramente qualificados, o repórter afirmou que o pastorado acabou se tornando um negócio, que exige cada vez mais a profissionalização.
– Com mais rebanho para cuidar, aumentou também a necessidade de acelerar a formação dos pastores. O evento da Eslavec é um exemplo do atual grau de profissionalização do negócio. – declarou.
Comparando diretamente as igrejas com empresas, o jornalista afirma que as igrejas estão incorporando “estratégias para reter talentos e premiar funcionários que cumprem metas de lucros”. Como exemplo para essa prática ele cita estratégias que, segundo ele, foram adotadas pela Igreja Universal nos anos 90.
Usando termos como “Templo é Dinheiro”, a matéria da Veja leva o leitor a enxergar a igreja evangélica como um meio encontrado por alguns para obter lucro, como em uma empresa. Fazendo um trocadilho com termos bíblicos, o jornalista escreve que as igrejas adotam “mandamentos para faturar e conquistar fiéis”, e lista coisas como: criação de múltiplas formas de pedir contribuições, uso constante de clichês nos discursos e até mesmo uso de técnicas teatrais. Tudo isso, segundo o jornalista, para aumentar a arrecadação das igrejas.
Para a blogueira Vera Siqueira, do site “Uma estrangeira no mundo”, a visão que o jornalista obteve com sua participação no curso foi um reflexo de pastores conquistados pela chamada Teologia da Prosperidade.
– Muitos pastores, já conquistados pela diabólica Teologia da Prosperidade, lá vão para aprender mais sobre como fazer crescer seus ministérios (não o número de almas a serem salvas, mas o número de templos, os percentuais de arrecadação e coisas do tipo), ou se “capacitarem” para poder pleitear um salário de até vinte e dois mil reais em igrejas como as do Malafaia, Edir Macedo ou dos Hernandes – afirma Siqueira, que ressalta ainda o fato de que a igreja liderada por Malafaia banca a participação de milhares de seus membros no curso. Segundo ela isso serviria apenas para manter essas pessoas fiéis às ideias pregadas pelo pastor.
– Uma vez “fisgados”, levarão também seus rebanhos para seguirem Silas Malafaia. E assim, se perpetuará o feudo gospel e as ofertas para seu ministério – conclui a blogueira.
Por Dan Martins, para o Gospel+