O bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella (PRB), candidato ao governo do Rio de Janeiro, foi acusado de usar a máquina pública para criar facilitações à empresa em que seu filho trabalha.
A denúncia, feita pela revista Veja, diz que Crivella teria se aproveitado do cargo de ministro da Pesca – onde se manteve até o início da campanha eleitoral – para eliminar uma burocracia. “Candidato ao governo do Rio de Janeiro, o senador e ex-ministro Marcelo Crivella (PRB) usou o cargo para ajudar sócios de empresa do filho”, diz o subtítulo da matéria da revista.
Marcelo Hodge Crivella, filho do senador/candidato ao governo fluminense, é presidente da escola de idiomas Seven, que faz planos de expansão no Brasil e em outros países. A Seven recentemente foi adquirida por uma empresa norte-americana e os executivos que vieram ao país para determinar os planos de expansão ficaram retidos em Manaus pela falta de visto de trabalho de um deles.
Segundo a Veja, “na manhã de 10 de outubro de 2013, cinco executivos da empresa que comprou a Seven – a Full Sail […] – foram retidos no aeroporto de Manaus em sua primeira escala no Brasil, rumo ao Rio de Janeiro, onde fariam reuniões de trabalho. O motivo: dos cinco passageiros do jato Legacy prefixo N53NA, apenas quatro tinham visto de negócios. O quinto, Deepak A. Kumar, vice-presidente da Seven, tinha autorização para fazer turismo, mas o comandante do jato declarara que estavam todos ali a trabalho. Com o impasse instalado, os americanos se comunicaram com os Crivella – e o ministro imediatamente começou a trabalhar para liberá-los. Coube ao secretário-executivo do ministério, Átila Maia, enviar um ofício ao subsecretário-geral das comunidades brasileiras no exterior, embaixador Sérgio Danese, pedindo urgência na solução do imbróglio. ‘A pedido do ministro Marcelo Crivella, amigo do empresário norte-americano que mantém investimentos na área de educação no Brasil […], muito agradeceria a Vossa Excelência a gentileza de instruir a divisão competente a emitir, com urgência, autorização para a liberação dos cinco passageiros’, explicava a carta […] No mesmo dia, todos foram liberados”.
A reportagem da revista aponta para o fato de que a ligação do filho do bispo com os empresários norte-americanos é “nebulosa”. “Formado em psicologia, Marcelinho trabalhava na área de licenciamento de marcas da Record, emissora controlada pelo bispo Edir Macedo, manda-chuva da Universal e tio de Crivella-pai, até ingressar na Seven, em junho de 2011 […] Crivella-filho, apesar de presidente, não é sócio da empresa – na Justiça do Rio. Na ação há e-mails, fotos e documentos que contam a história da tumultuada sociedade e revelam a proximidade forjada entre os americanos e Crivella-filho ao longo da negociação de aquisição”, revela a matéria.
O fato de o bispo ser senador e ministro teria sido aproveitado pelos empresários norte-americanos para, através de Marcelinho, conseguir um patrocínio de R$ 120 mil da prefeitura do Rio de Janeiro para um evento de games da Seven, segundo a revista.
Apesar de um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 739 mil, Crivella teria comprado dois imóveis em Orlando, na Flórida (EUA) avaliados em US$ 250 mil cada um. O primeiro, um apartamento de 194 M², estaria no nome de sua esposa, Sylvia Jane, com quem o bispo está casado há mais de 25 anos. O segundo, uma casa na mesma cidade, teria sido adquirida pela filha de Crivella, através de um empréstimo feito pelo pai junto ao Banco do Brasil.
De acordo com a revista Veja, a assessoria de imprensa do candidato ao governo do Rio de Janeiro afirmou que “o primeiro imóvel foi comprado por sua mulher com recursos próprios, já que Sylvia é escritora e tem uma loja de iogurtes […] A outra casa foi adquirida no ano passado pela filha, Débora”, que a revista destaca que vive “na Flórida e trabalha na Full Sail, a dona da Seven no Brasil”.
Ao final da matéria, a revista diz que “embora Crivella afirme que a operação está registrada em sua declaração de Imposto de Renda, ela não consta da declaração enviada ao TSE. Advogados ouvidos por VEJA afirmam que ele teria de ter declarado o empréstimo ao tribunal”.