O Youtube tem sido um canal de informações, entretenimento e referência para grande parte da população. Uma das grandes referências de sucesso desse canal tem sido os chamados “Youtubers”, pessoas que se dedicam a produção e divulgação de vídeos. Esse é o caso de Kéfera Buchmann, que esta semana divulgou no seu canal uma piada onde zomba de Deus, sugerindo que Ele estaria se masturbando devido algumas mulheres.
Kéfera possui milhões de pessoas inscritas no seu canal e a repercussão negativa foi imediata. Muito embora sua intenção tenha sido fazer uma “piada”, a vlogueira parece não conhecer os limites entre humor e respeito a fé alheia. No vídeo, a Youtuber utiliza termos escrachados para se referir a Deus, chegando a chamá-lo de ignorante e “ofendidinho”. Assista:
https://www.youtube.com/watch?v=hem7MXWYRZg
Após a repercussão, Kéfera que foi criada em uma família católica, publicou outro vídeo tentando se justificar, afirmando que Deus é o seu “brother“, onde afirma também que as pessoas que lhe criticaram por escarnecer da figura de Deus, são falsos cristãos e ignorantes.
“A maioria dos cristãos que estão lá me xingando e projetando tanto ódio, desejando até minha morte, queria agora eu jogar uma pergunta pra vocês: foi isso que Deus ensinou pra vocês, desejar a morte do irmãozinho? (…) Então eu tô, ó… sentindo o cheirinho de sabe o quê? Ignorância!”
Kéfera recorre a doutrina cristã do “amar o próximo como a si mesmo” para condenar os críticos do vídeo em que ela, desconsiderando o sentimento religioso e a fé de milhões de pessoas que acreditam em Deus, faz piada, desrespeitando, assim, os próprios seguidores.
Fazendo uso da sua liberdade em tratar a figura de Deus como bem entende, Kéfera questiona e chama de ignorantes os que a criticaram fazendo uso da mesma liberdade para criticá-la.
O canal de Kéfera é público, porque os vídeos que ela produz são voltados para o público, mas em se tratando de críticas a Youtuber fez questão de afirmar em trecho do vídeo: “Cuidem das suas próprias vidas”.
A vlogueira tenta se justificar alegando que sua relação com Deus é diferente das demais, citando exemplo do que seria a sua oração a Deus, em dias tristes, com termos informais incluindo palavrões. A ideia que Kéfera tenta transmitir em seu vídeo de justificativa é de que o que é desrespeito para a maioria dos cristãos não é para ela, já que Deus é o seu “brother“.
Na prática, portanto, não adiantaria apresentar a Kéfera as passagens bíblicas em que Jesus Cristo, os discípulos ou qualquer outro personagem bíblico se dirigem a Deus com o máximo de respeito e reverência por ser Ele o Criador do céu e da terra. A própria oração modelo do “Pai nosso”, citada pela Youtuber, serve de exemplo quando diz: “santificado seja o vosso nome”.
O próprio Jesus, sendo Ele Deus encarnado e unigênito Filho de Deus (João 3:16), o termo mais íntimo que usou para se referir a Deus foi a palavra “PAI”, confirmando também o valor de santidade atribuído a Ele, como está escrito em sua oração particular antes da crucificação:
“Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.” (João 17:11)
Muito embora não exista nenhum nome capaz de definir a natureza de Deus (veja êxodo 3:13-14), a referência que fazemos a Ele possui valor simbólico não apenas na relação com o próximo, mas também com o próprio Deus, uma vez que Ele sabe quando nos dirigimos Ele. Em outras palavras, quando nos referimos ao Criador, D’us, Eterno, YHWH, Yahweh ou simplesmente Deus, estamos nos dirigindo a natureza de um Ser que não se deixa escarnecer (Gl 6:7).
Jeremias reconheceu a santidade de Deus também pelo seu nome (Jeremias 33:2), assim como Davi (Salmos 135:1, 8:9, etc.) Moisés (Êxodo 15:3, Dt. 32:3, etc), Oséias (Os 12:5), Paulo (Atos 2:21) Zacarias (Zc 14:9) e todos os Profetas, sacerdotes e discípulos que tiveram a oportunidade de caminhar com o próprio Deus (Jesus), se dirigiram a Deus como SENHOR.
A mera menção ao nome de Deus de modo formal ou “místico” como diz Kéfera, de fato, não significa reverência espiritual. Não lhe torna mais ou menos aceito perante o Criador, porém, reflete a natureza espiritual da sua condição perante Ele. Isto é; dificilmente quem tenta vivenciar o cristianismo deixará sair da sua boca palavras que desrespeitam a Deus, ao tratá-lo como trataria seu cachorro, por exemplo, uma vez que a Cristo foi dada a mesma autoridade em seu nome. O texto abaixo nos dá uma noção dessa importância:
“Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus (Deus) se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,” (Filipenses 2:9,10) [grifo nosso]
Finalmente, a essência humana também é refletida na aparência, se não pelo visual, ao menos pelas palavras e atitudes. Por isso está escrito: “vos sois a luz do mundo” (Mt 5:14). Todavia, nenhuma referência bíblica tem sentido ou valor para quem não tem a bíblia como seu manual de fé e prática. Nesse aspecto, qualquer pessoa pode se dirigir a Deus como quiser, inclusive para desrespeitá-lo, uma vez que “deus” para tal pessoa pode ser qualquer coisa, até mesmo um simples “brother”.