O cantor Thalles Roberto lançou recentemente uma Bíblia de estudo chamada “ID3”, que contém, nas primeiras páginas, fotos de sua carreira e relatos de seu testemunho e ministério. O modelo, produzido em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), vem sendo amplamente criticado nas redes sociais.
Dentre os críticos da iniciativa, o blogueiro Pedro Pamplona, pós-graduando em teologia, publicou uma lista de “7 Contradições e Mentiras do Thalles e Sua Bíblia”, chamando atenção para pontos que denotam “prepotência” do cantor.
“Esse produto não deveria ser nem tema de discussão entre nós. Seríamos bem mais sensatos se todos recusassem esse tipo de coisa instantaneamente. Pena que não é assim. Muitos, milhares, gostam desse tipo de produto e discurso. Já que o cenário não é, nem de perto, o ideal, a polêmica se faz necessária pelo menos pra dizer que também existem milhares que não apoiam esse tipo de ‘auto promoção canonizada’”, escreveu Pamplona.
No primeiro ponto, o blogueiro afirma que no vídeo de divulgação, “Thalles começa de um jeito que me indigna”, pois “justifica seu produto dizendo que ‘jovem não lê Bíblia. Jovem gosta de música, de louvor, de pular. Jovem não tem consistência’”. Pamplona frisa que a fala do cantor é equivocada: “Eu sou jovem e não gosto nenhum pouco dessa caricatura preconceituosa e mentirosa da nossa juventude. Poderíamos lotar um show dele no Maracanã só com jovens estudiosos da Bíblia. Mas ai é que está o problema (do Thalles): esses jovens não estão lá”, pontua.
Pamplona critica o fato de que Thalles criou “prefácio bíblico sua própria história e fotos”, o que pode ser considerado um “absurdo”. “Ele que tanto fala na trindade parece não crer que a história e doutrinas das três pessoas divinas são suficientes para atrair o jovem”, destaca.
“Não satisfeito Thalles afirma que sua Bíblia é ‘estratégia de Deus’ e foi dada pelo ‘Espírito Santo’. Vocês conseguem imaginar Deus planejando colocar antes da Sua Palavra fotos e histórias de um cantor que declara aos microfones letras contrárias à própria Palavra? É bem difícil pra mim crer que o Espírito que convence, consola e regenera planeje algo desse tipo para atrair os jovens. Arrependimento e mudança de vida e letra são estratégias do Espírito, já se divulgar com a Bíblia é do Thalles mesmo”, dispara o blogueiro.
Uma das justificativas usadas por Thalles para colocar seu nome na capa da Bíblia é que, assim, os jovens leriam as Escrituras. Pamplona rebate: “Que tal fazer isso com cantando as Escrituras? Que tal fazer isso estudando primeiro a Palavra e disseminando o que ela realmente ensina? É possível. É transformador. É correto. Só não tão rentável”, opina o blogueiro, dizendo que esse argumento é mais uma pitada de “prepotência” do cantor.
A quinta observação do blogueiro está no fato de que “Thalles afirmou que seu objetivo ‘não é vender Bíblia’”, mas o cantor não tomou a iniciativa de distribuí-las de graça: “Ainda imaginei ele distribuindo essas Bíblias como os gideões e outros projetos fazem. Foi rápido, mas só imaginei. Não sou tão ingênuo assim. Se o objetivo não é vender era isso que ele deveria fazer. Dar junto com o ingresso do show talvez. Mas é claro que esse não é objetivo. E pra que fique claro, não há mal nenhum em vender Bíblia, mas mentir é feio e errado”.
Outra justificativa usada por Thalles é proporcionar acesso dos jovens à Bíblia Sagrada, porém o preço é considerado alto pelos internautas. E o blogueiro concorda: “A tal Bíblia custa 110 reais. Eu sei que existem Bíblias até mais caras, mas vamos pensar. O objetivo dito por Thalles é que mais jovens tenham acesso e leiam a Bíblia. Agora me digam, esse é um preço acessível ao jovem e adolescente? Thalles tem um grande público entre as classes mais baixas, esse é um preço acessível para esse público? Um preço menor não seria uma estratégia para alcançar os jovens?”, questiona.
Por fim, Pamplona observa “outra contradição do cantor” e chama atenção para o fato de que, no vídeo, Thalles se defende previamente de críticas que pudesse receber: “Ele diz que ‘o diabo é contra a Palavra de Deus’ num contexto onde está falando sobre seus críticos. Isso é realmente forte. Quem estaria contra a Palavra: quem canta e ensinas heresias ou quem critica esse produto do Thalles? Sabemos que também que uma das principais armas do diabo é usar a música para contaminar a igreja. Infelizmente isso tem acontecido no Brasil, e Thalles tem desempenhado um papel de contaminador de muitos jovens. Espero que isso mude”, conclui.