Nessa quarta feira a apresentadora de TV Xuxa Meneghel esteve como convidada da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados em uma sessão da que tentava aprovar a redação final da chamada “Lei da Palmada”. A presença de Xuxa na sessão motivou comentários do deputado Pastor Eurico (PSB-PE), que acabou destituído da CCJ por causa de sua fala contra a apresentadora, que apoia a aprovação do projeto.
– A conhecida rainha dos baixinhos em 1982 provocou a maior violência contra as crianças em um filme pornô – afirmou o pastor.
Após o comentário feito por Eurico, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), anunciou a destituição do pastor da comissão, e afirmou que sua fala foi “intolerante, desrespeitosa e desnecessariamente agressiva”. Albuquerque disse ainda que a declaração do colega não representa de forma alguma o pensamento do PSB que, segundo ele, manifesta “apreço e respeito pelo empenho da referida artista, que deseja aprovar a lei que propõe a cultura da não agressão”.
Em resposta à crítica recebida do deputado, Xuxa sorriu e fez um gesto de coração com as mãos. Ela não tinha direito de responder ao pastor durante a sessão, por não ser parlamentar, e também não deu declarações sobre o fato ao sair do local.
Segundo o jornal O Globo, a bancada evangélica é contra a aprovação da lei, e se sustenta na afirmação de que a violência contra crianças já é punida no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os parlamentares alegam ainda que a “Lei da Palmada” seria uma interferência na família. Uma tentativa de acordo para aprovar a lei prevê substituir no texto, o termo “castigo físico” por “agressão física”, além de tirar a palavra “sofrimento”.
– O Estado não consegue implementar política de combate à criminalidade e quer impor à família – critica o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), pediu que a afirmação do Pastor Eurico fosse retirada das notas taquigráficas. Para o lugar do pastor, o PSB indicou o deputado Júlio Delgado, eleito pelo partido em Minas Gerais. Albuquerque resumiu o episódio classificando-o como “constrangedor”.